Domingo, 12 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 24 de abril de 2017
O mito de que a detecção precoce do câncer garante necessariamente tanto o melhor tratamento quanto a cura foi o ponto central do debate sobre detecção da doença, no Fórum A Jornada do Paciente com Câncer, promovido pela Folha de S.Paulo.
“Falar em detecção precoce do câncer é uma falácia, porque o câncer não é uma, mas uma série de doenças, e muitas não têm como se detectar”, disse Artur Katz, coordenador de oncologia do Hospital Sírio-Libanês.
O oncologista participou da segunda mesa do fórum, realizada na manhã dessa segunda-feira, em São Paulo, ao lado de Andreia Melo, do Grupo Oncológico D’Or e do Inca (Instituto Nacional de Câncer), e de Mariano Zalis, diretor da Progenética Hermes Pardini.
Para Katz, a ilusão de que a detecção precoce leva à cura por processos simples e infalíveis leva a tratamentos invasivos de doenças que não matariam o paciente, em muitos casos piorando sua qualidade de vida. Um exemplo seria a cirurgia da próstata, que pode causar incontinência urinária e impotência. O diagnóstico precoce de tumor de tireoide e uma epidemia de cirurgias para a retirada desta glândula também foi citado pelo oncologista do Sírio-Libanês. “A tireoide é a amígdala do século 21. Na minha geração, todos tiravam a amígdala que inflamava; na de hoje, nenhuma mulher vai morrer sem ter feito cirurgia da tireoide”, disse.
Andreia Melo apresentou como contraponto o fato de tumores pequenos terem maior chance de cura, com menos custos. “A maior parte das internações hospitalares é feita com a doença em estado avançado. Por exemplo, 75% das mulheres chegam ao hospital com câncer de colo do útero avançado, quando sabemos que os exames para detecção precoce reduzem de 80% a 90% o risco de desenvolver o tumor”, disse a médica. (Folhapress)