Sábado, 04 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 17 de março de 2021
Desde o início de março, Benítez vem sendo pressionado por manifestações populares que pedem sua renúncia.
Foto: ReproduçãoOs deputados de oposição paraguaios apresentaram nesta quarta-feira (17), as acusações de impeachment contra o presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, e seu vice, Hugo Velázquez, pela forma como o governo tem lidado com a pandemia de coronavírus. Desde o início de março, Benítez vem sendo pressionado por manifestações populares que pedem sua renúncia.
O impeachment de Benítez, no entanto, é considerado improvável. Para o processo seguir para o Senado, a oposição precisa do apoio de 53 dos 80 deputados, mas tem o voto de apenas 37. “Precisamos de mais 16 votos”, afirmou Celeste Amarilla, deputada do Partido Liberal, que ajudou a redigir o processo. “Mas nós não estamos em busca de votos. Apresentamos a acusação porque a população exigiu.”
Apesar de o impeachment unir o Partido Liberal, de Efraín Alegre, e a esquerdista Frente Guasu, de Fernando Lugo, a chave da votação está nas mãos do ex-presidente Horacio Cartes, que controla uma importante facção do Partido Colorado, o mesmo de Benítez. Por enquanto, os deputados cartistas demonstraram sinais de que se manterão fiéis ao presidente.
A única chance de a oposição mudar o jogo está nas ruas. Analistas afirmam que, se os protestos crescerem e continuarem por mais tempo, Cartes não terá saída e poderá abandonar o governo para não naufragar com ele. Hoje, os paraguaios viveram o 12.º dia seguido de protestos.
Autoridades sanitárias vêm registrando uma média diária de 40 mortes e 2 mil casos de Covid – um a cada três testes dão resultado positivo no Paraguai. Os hospitais estão lotados e o programa de imunização do governo está atrasado: até agora, apenas 12 mil pessoas foram vacinadas.
“O sistema de saúde está saturado, à beira do colapso. Estamos lutando para preservar a integridade e a vida dos paraguaios”, disse Jorge Giubi, diretor de atendimento do Hospital de Clínicas, da Faculdade de Medicina da Universidade Nacional. “O Hospital de Clínicas vive uma situação difícil. Temos um orçamento limitado, que já foi usado para remédios e suprimentos. Esse déficit é transferido para o bolso do paciente. Muitos têm de comprar os insumos que não temos.”