Sábado, 08 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 17 de maio de 2017
No início da noite dessa quarta-feira, o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) protocolou na Câmara um pedido de impeachment do presidente Michel Temer, por crime de responsabilidade. A denúncia ocorreu após a imprensa revelar que o chefe do Executivo foi gravado pelo empresário Joesley Batista, dono do grupo JBS/Friboi, em um diálogo no qual acertava a compra do silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha. Além do afastamento do peemedebista, a oposição cobra a sua renúncia imediata e a convocação de eleições diretas ainda para este ano.
No pedido, Molon anexou uma reprodução da matéria do colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, que revelou a comprometedora conversa entre Joesley e Temer. “Diante da gravidade dos fatos, é imprescindível a instalação de processo de impeachment para apurar o envolvimento direto do presidente da República para calar uma testemunha”, ressaltou o deputado.
À revista Carta Capital, o parlamentar declarou que a denúncia é gravíssima: “Um presidente da República pedindo a um empresário que continue pagando propina para que um criminoso não conte o que sabe a respeito dele é uma situação grotesca, mais grave que se pode imaginar em uma República. Esse comportamento fere o seu dever de probidade, o decoro e a honra que o cargo exige. Trata-se, também, de um caso de obstrução de Justiça”.
“Acabou”
Já o senador Lindbergh Farias (RJ), do PT, afirma que “o governo acabou” e defendeu a realização de eleições diretas até o fim de dezembro. “Não podemos aceitar uma saída autoritária, via eleição indireta pelo Congresso Nacional”, argumentou. “Temos um caminho nesse momento, que é consultar o povo e antecipar para outubro de 2017 o processo eleitoral do ano que vem, chamando eleições.”
O líder do PT na Câmara dos Deputados, Carlos Zarattini (SP), acrescentou que “a impunidade do governo foi desmascarada, deixando claro que a atual gestão federal não tem legitimidade para continuar no comando do País”. Segundo ele, Temer só tem dois caminhos a seguir: a renúncia ou o impeachment pelo Legislativo. “Nós não aceitamos que se resolva a sucessão por meio de um pleito indireto”, destacou. “A posição do PT é por eleições diretas. Temos que votar uma proposta de emenda à Constituição para estabelecer a escolha popular de forma direta e imediata.”
Para a deputada Luiza Erundina (PSOL-SP), as denúncias são “uma bomba” sobre o Palácio do Planalto. “A partir de agora, espero que as forças democráticas representadas nesta Casa, em uma articulação direta com a sociedade organizada, os movimentos e o fórum de partidos que estejam conduzindo este processo, rejeite essa pauta que estava sendo seguida, de reforma da previdência e trabalhista, todas elas jogadas por esse presidente ilegítimo, corrupto e golpista”, acusou. “Há uma oportunidade para que o Brasil retome o seu curso natural.”
Defesa
Em nota, o Palácio do Planalto afirmou que Michel Temer jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado peemedebista Eduardo Cunha, preso em Curitiba (PR) pela Operação Lava-Jato por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
“O presidente da República não participou e nem autorizou qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar”, ressaltou o comunicado. Ainda segundo o texto, o diálogo registrado em março no encontro com o empresário do grupo JBS/Friboi não teve qualquer elemento que comprometesse a conduta do chefe do Executivo.