Quarta-feira, 19 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 4 de dezembro de 2018
Partidos que articulam um bloco parlamentar de oposição a Jair Bolsonaro (PSL) sugeriram a Renan Calheiros (MDB-AL) que se afaste da disputa pela presidência do Senado. Um dos líderes do grupo, o senador eleito Cid Gomes (PDT-CE), disse a Renan que ele deveria esperar mais dois anos para voltar a postular o cargo. Cid e seu irmão, o ex-ministro Ciro Gomes, trabalham para isolar o PT e assim atrair o apoio de senadores que preferem se manter independentes em relação ao novo governo. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
O grupo, que reúne integrantes do PDT, do PSB, da Rede e do PRP, quer formalizar nesta semana o bloco com a divulgação de um manifesto, numa tentativa de atrair parlamentares que pretendem manter distância de Bolsonaro mesmo sem fazer oposição aberta.
Na contabilidade dos articuladores do grupo, Bolsonaro pode contar com o apoio automático de até 20 dos 81 senadores, incluindo integrantes do PSL, do PRB e do PTB. Os que estarão contra o novo governo podem chegar a 15, dizem, e os demais querem evitar qualquer alinhamento agora.
Os integrantes do bloco esperam atrair parlamentares do PSDB, do PP e até do DEM, que já tem três deputados indicados para o ministério de Bolsonaro, e com isso juntar força para buscar uma alternativa a Renan.
Além do emedebista, Simone Tebet (MDB-MS) e Tasso Jeiressati (PSDB-CE) se movem nos bastidores. Parlamentares alinhados com Bolsonaro têm defendido a candidatura de David Alcolumbre (DEM-AP). O presidente eleito determinou que o PSL não lance nenhum nome na disputa.
O futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), disse a correligionários que Bolsonaro chamou também os presidentes dos partidos para as conversas que terá com suas bancadas nesta semana.
Candidato
Cotado para presidir o Senado pela quarta vez, Renan Calheiros (MDB-AL) divulgou na segunda-feira (3) mensagem em que, apesar de afirmar ainda não ter decidido entrar na disputa, se diz preocupado com o equilíbrio institucional. O senador alagoano também critica aquele que, hoje, é tido como seu principal adversário, o cearense Tasso Jereissati (PSDB).
No texto divulgado em redes sociais, Renan afirma não querer ser presidente do Senado “a qualquer custo”, mas admite considerar a possibilidade e que o MDB só indicará um nome para a disputa na “undécima hora”.
Barrado
O senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) disse que seu pai, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), não deverá interferir nas eleições para a presidência do Senado, mas ressaltou que seu grupo político não vai apoiar uma eventual candidatura de Renan Calheiros (MDB-AL) ao posto.
“O que ele tem a oferecer de novo? Qual é a colaboração que eles podem dar? Não é uma frente contra Renan, mas a favor do Brasil. Uma parte do Senado não vai caminhar com ele. Vamos conversar para ver até onde ele quer ir com isso”, disse o parlamentar.
Flávio disse que seu partido poderá apoiar qualquer outro nome, desde que esteja alinhado politicamente. “Tem que ser alguém ficha limpa, que conheça bem a casa e que esteja alinhado com esse novo momento político do País”, afirmou. “A orientação do Onyx [Lorenzoni] (DEM-RS) é de aguardar até que os nomes se consolidem melhor”. Onyx é coordenador da equipe de transição do futuro governo.
Corrupção
A assessoria técnica do Congresso avalia a viabilidade de se criar em 2019 uma comissão mista permanente para discutir o combate à corrupção e ao crime organizado. A ideia é dar sustentação a projetos que Moro promete apresentar depois que assumir o Ministério da Justiça.
A criação da comissão reforçaria a atuação da frente parlamentar anticorrupção que está sendo articulada por congressistas para apoiar propostas de Moro na Câmara e no Senado, que enterraram iniciativas semelhantes no passado.
Currículo
Membros da equipe que prepara a transição para o novo governo prepararam perfis detalhados dos deputados que se encontrarão com Bolsonaro, com informações sobre sua força eleitoral, ligação com bancadas temáticas e atuação em votações de medidas de interesse do governo Michel Temer (MDB).