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Saúde Organização Mundial da Saúde desaconselha tratar covid-19 com plasma convalescente

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A OMS deu início a um processo para firmar um tratado internacional, mas o conteúdo e formato do acordo ainda estão sendo negociados. (Foto: Reprodução)

A Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou uma diretriz na qual desaconselha o uso de plasma convalescente para tratar covid-19. A recomendação foi publicada no “British Medical Journal” (“BMJ”).

A entidade desaconselha o uso do plasma para qualquer quadro da doença, mas abre uma possibilidade de uso para pacientes graves ou críticos – desde que eles estejam participando de estudos clínicos.

Para os casos não graves da doença, a OMS faz uma “forte recomendação” contra o uso do tratamento.

1) O que é o tratamento com plasma convalescente?

O tratamento com plasma convalescente envolve retirar anticorpos neutralizantes do plasma – uma parte do sangue – de pacientes que já se curaram da covid-19 e colocá-los em pacientes com um quadro ativo da doença, para acelerar sua recuperação. A estratégia vem sendo testada desde o início da pandemia, antes do surgimento das vacinas.

2) Por que a OMS desaconselhou o tratamento?

Porque não houve benefício claro em usar o plasma para tratar a doença – fosse em um quadro grave, crítico ou não grave, aponta o grupo de pesquisadores, que inclui dois brasileiros.

Além disso, eles pontuaram que o procedimento necessita de “recursos significativos” para ser feito, em termos de custo e tempo de aplicação.

“A forte recomendação contra o uso reflete a visão de que a administração de plasma, especialmente para pacientes com doença não grave, onde há um baixo risco de mortalidade e outros resultados clínicos importantes, não é justificada”, aponta o grupo da OMS.

3) Quais eram as recomendações anteriores?

Não havia recomendação anterior, explica a pesquisadora brasileira Letícia Kawano Dourado, que participou da elaboração das diretrizes.

“Não havia recomendação anterior, mas havia muita expectativa de que o plasma fosse funcionar, com base em estudos observacionais, com base em plausibilidade biológica”, explica Dourado, que é médica pneumologista e pesquisadora do Hospital do Coração (HCOR), em São Paulo, e diretora clínica das Diretrizes em Drogas para Covid-19 da OMS.

Os estudos observacionais são aqueles em que os cientistas observam o efeito de alguma coisa – seja um tratamento ou outra intervenção – sem interferir em quem está ou não exposto àquele fator.

É diferente, por exemplo, de um estudo (ou ensaio) controlado e randomizado – considerado o padrão ouro de testes na ciência. Nesse tipo de pesquisa, geralmente, os participantes, depois de selecionados, são designados aleatoriamente a um grupo de estudo (entre dois ou mais).

Um desses grupos pode então, por exemplo, receber uma intervenção – como um novo medicamento ou uma vacina, como as da covid-19 –, enquanto o outro grupo, chamado “grupo controle”, não recebe nada, ou recebe uma substância inativa.

Os cientistas, então, estudam o que acontece com as pessoas em cada grupo. Qualquer diferença nos resultados pode então ser ligada à intervenção (desde que outros fatores – como as características de cada grupo – sejam igualados, para não confundir os resultados).

Já a plausibilidade biológica citada por Kawano quer dizer que algo tem ou está alinhado com o que já se sabe na ciência sobre determinada coisa. Ou seja: quando alguém levanta a hipótese de que um medicamento X pode funcionar contra uma doença, essa hipótese tem que ser plausível de acordo com o que já se sabe sobre a doença, para evitar desperdícios de tempo e dinheiro com estudos com pouca chance de sucesso.

“Mas ocorre, como a gente vê em ciência, não infrequentemente, que, quando você vai dos estudos observacionais, das hipóteses teóricas de que a medicação funciona, para a investigação sistemática, num ensaio clínico randomizado, aí você não vê aquele benefício que foi hipotetizado”, completa a médica.

4) O que passa a valer agora?

Com a nova diretriz, passam a existir duas orientações da OMS sobre o uso de plasma convalescente para pacientes com covid. Ambas são contrárias ao uso do plasma, mas há a possibilidade de uso, em estudos, para pacientes graves ou críticos.

“As duas são recomendações contrárias à utilização do plasma convalescente – com a diferença de que, na população grave a crítica, há espaço para ainda continuar as investigações. Então a recomendação é: a medicação é contraindicada a não ser no cenário de um ensaio clínico randomizado”, explica Dourado.

— Em pacientes com covid grave ou crítica:

A recomendação é contra o uso do plasma convalescente exceto se o paciente estiver participando de um estudo (ou ensaio) clínico.

Casos de covid grave ou crítica são aqueles em que o paciente tem saturação de oxigênio (quantidade de oxigênio no sangue) inferior a 90% em ar ambiente. Os cientistas frisam, entretanto, que essa classificação é arbitrária e pode mudar conforme o paciente.

“A gente deixa claro na diretriz que isso não deve ser levado a ferro e fogo, por exemplo: um paciente jovem pode muito bem estar com a saturação de 96% e já não ser bom, porque o [nível de oxigênio] basal dele é mais alto”, pontua Dourado.

“Então, uma queda na saturação com sintomas respiratórios já aponta pra covid grave, e não moderada”, acrescenta a médica.

Da mesma forma, a pneumologista pontua os casos leves são aqueles com mínimos sintomas ou sintomas nas vias aéreas superiores. Já os moderados são aqueles casos em que há sintoma de acometimento do pulmão, mas não há evidência de covid severa.

— Em pacientes com covid leve ou moderada:

A recomendação é de não usar o plasma convalescente em pacientes com covid leve ou moderada – nem em ensaios clínicos.

“Em pacientes com doença não grave, o plasma convalescente não tem um impacto importante na mortalidade”, apontam os cientistas na diretriz.

“O plasma convalescente provavelmente não afeta a [necessidade de] ventilação mecânica. Não houve dados avaliando o risco de hospitalização com plasma convalescente e, portanto, o impacto é muito incerto”, acrescentam.

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