Domingo, 04 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 17 de julho de 2017
Erradicar a pobreza e a fome e garantir saúde e educação de qualidade são as ações mais citadas por brasileiros quando questionados sobre o que traria mais benefícios ao país. A pesquisa, realizada pela ONU (Organização das Nações Unidas) em parceria com o instituto de pesquisas Ibope, entrevistou 2.002 brasileiros maiores de 16 anos em 143 municípios, durante o mês de abril. O objetivo era levantar a percepção da população sobre os 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) contratados em 2015 pelos países signatários das Nações Unidas, a chamada Agenda 2030.
Ao menos um desses objetivos – a erradicação da pobreza e da fome – está ameaçado pelo desemprego recorde, a crise fiscal e à recessão que impede a economia de voltar a crescer. O alerta é de relatório elaborado por mais de 40 entidades da sociedade civil, entregue recentemente à ONU.
“Entendemos que os brasileiros elegeram essas prioridades porque são questões sociais importantes, porque fazem parte de suas experiências, seja profissional ou de vida e sobre o que eles estejam vivendo nesse momento, mas também porque fazem parte da agenda das Nações Unidas”, explicou Haroldo Machado Filho, copresidente do grupo Assessor do Sistema ONU no Brasil, em relação à Agenda 2030. Ele acrescenta que, para a ONU, todos esses temas são igualmente importantes porque a ideia é que o desenvolvimento sustentável pleno só acontecerá se todos os 17 objetivos caminharem em igualdade: “Dizemos que são objetivos integrados e indivisíveis”.
Além dos cinco ODS já citados, a Agenda 2030 ainda engloba compromissos acerca do alcance da igualdade entre homens e mulheres, a garantia ao acesso à água e saneamento, à energia elétrica, apoio à infraestrutura de qualidade, industrialização sustentável e inovação, tonar as cidades sustentáveis, promover padrões sustentáveis de produção de consumo, implementar ações para combater a mudança do clima, proteger e recuperar os riso e oceanos, recuperar terras e florestas, promover a paz, proporcionar acesso à justiça e fortalecer as parcerias entre países para promover ações sustentáveis.
Garantir uma saúde de qualidade foi citada por 35% dos entrevistados, seguido de acabar com a pobreza (33%), depois garantir educação de qualidade (31%), garantir emprego e condições adequadas de trabalho (26%) e em quinto acabar com a fome e desnutrição e promover a agricultura sustentável (24%). A redução das desigualdades também se destacou. Foi citada como prioritária para trazer benefícios para o País por 19% dos entrevistados.
Governo federal
Para a maior parte dos pesquisados é responsabilidade do Estado fazer com que esses objetivos sejam cumpridos. O governo federal foi citado como responsável por 51% dos entrevistados, os governos estaduais por 46% e as prefeituras por 33%. Em seguida, empatadas, foram citadas a iniciativa privada e as instituições acadêmicas, ambas citadas por 14% dos entrevistados. Somente 4% dos entrevistados respondeu que a maior responsabilidade pela implementação dos ODS seria da própria população.
“Queremos reverter no futuro essa questão de baixa participação. O futuro é de todos, então, as pessoas precisam se apropriar dele e se envolver nessa construção. O voluntariado ainda é pouco praticado no Brasil. Uma pessoa formada em faculdade pode dar aula em escolas públicas gratuitamente, pode ser mentor. O brasileiro é bastante solidário mas faz pouca atividade voluntária”, avaliou o co presidente do grupo Assessor do Sistema ONU no Brasil.
A pesquisa captou, ainda, que quase metade das pessoas desconheciam os objetivos (49%), enquanto 51% já tinha ouvido falar ou tinha algum ou bastante conhecimento sobre o assunto (51%). “É aquela coisa de enxergar ou o copo meio cheio ou meio vazio. Nós vemos o copo meio cheio, pois os objetivos só têm dois anos. Pensamos até que seria maior a porcentagem de pessoas que desconheciam os ODS”, completou Machado Filho.