Quarta-feira, 10 de dezembro de 2025
Por Redação O Sul | 5 de agosto de 2017
Os deputados do PMDB que votaram contra Michel Temer na sessão da Câmara dos Deputados dizem não crer em punição por terem descumprido a ordem da cúpula partidária, que fechou questão pela rejeição da denúncia contra o presidente.
Na sessão, os deputados rejeitaram, por 263 votos a 227, o envio para o Supremo Tribunal Federal da denúncia de corrupção passiva contra o presidente apresentada pela Procuradoria-Geral da República.
Dentre os 227 favoráveis à investigação de Temer no Supremo estavam os deputados do PMDB (Celso Pansera, Jarbas Vasconcelos, Laura Carneiro, Sérgio Zveiter, Veneziano Vital do Rego e Vitor Valim), cuja bancada tem 63 parlamentares:
Na véspera da sessão, o presidente do PMDB, senador Romero Jucá (PMDB-RR), disse que haveria “consequências” para os deputados que desobedecessem a decisão partidária e votassem contra Temer. Em julho, antes do recesso parlamentar, a executiva do PMDB decidiu punir os deputados que se posicionassem contra o presidente, atitude inédita na história da legenda. As sanções podem variar de advertência e perda de cargos até a expulsão da sigla.
Quadro histórico do PMDB, o deputado Jarbas Vasconcelos (PE) afirmou que não tem receio e nem acredita que será punido pela direção da legenda. Para ele, uma eventual punição seria uma medida “extravagante” e “inadequada”.
“Eu acho que isso [punição] seria uma medida perniciosa, altamente antidemocrática. Um partido é isso. Um partido como o PMDB tem muitas convergências, mas muitas divergências também. E as divergências sempre foram respeitadas”, declarou Jarbas Vasconcelos.
O parlamentar pernambucano afirmou ainda que não foi a primeira vez que não seguiu uma orientação partidária. “O partido sempre respeitou minha posição. Estou bem acomodado no PMDB e quero continuar”, disse.
Na mesma linha, Laura Carneiro (RJ) disse confiar na “essência democrática” do PMDB e, por isso, não espera punição. “O PMDB que eu conheço é democrático, e num partido democrático isso é uma matéria de cunho pessoal. Mas, se o partido entender que é uma matéria de governo, vai tomar as providências e eu vou acatar”, explicou.
Na avaliação da parlamentar fluminense, se existe uma denúncia com indícios de cometimento de crime, precisa ser investigada. Laura Carneiro contou ainda que comunicou ao líder da legenda na Câmara, Baleia Rossi (SP), que não seguiria a ordem partidária.
Outro dissidente, o deputado Celso Pansera (PMDB-RJ) disse que votou contra Temer por entender que o Supremo Tribunal Federal é quem deve decidir sobre a abertura ou não de processo e que não foi nada pessoal contra o presidente ou o partido.
“Não sou advogado. Então, o que julguei é que, diante do pedido da Procuradoria, quem deveria se pronunciar de uma forma jurídica é o Supremo Tribunal Federal, porque tem os instrumentos jurídicos, as ferramentas. Não foi nada pessoal contra Michel Temer e o partido”, disse.
Ele entende que uma eventual punição não seria cabível porque a denúncia não tratava de uma questão programática do partido. “Tratamos de uma questão do juízo individual de cada deputado”, declarou. (AG)