Segunda-feira, 10 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 4 de março de 2021
Os encontros para acerto de propinas entre o governador afastado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, e desembargadores eram feitos dentro do Palácio Guanabara, fora do expediente, no período noturno. É o que aponta denúncia do MPF (Ministério Público Federal), que desencadeou a operação Mais Valia, na terça-feira (2).
Na ação da PF (Polícia Federal), os desembargadores do Tribunal Regional do Trabalho do Rio (TRT-RJ) Antônio Carlos de Azevedo Rodrigues, Fernando Antônio Zorzenon da Silva, José da Fonseca Martins Junior e Marcos Pinto da Cruz, foram presos, em um total de 11 mandados cumpridos.
Segundo a delação de Edmar dos Santos, ex-secretário de Saúde do Rio, partiu do próprio desembargador Cruz a oferta de participação no esquema criminoso que consistia em beneficiar empresas no TRT em troca de propinas. O dinheiro era lavado através de parentes dos presos, todos advogados.
Entre charutos, no Palácio Guanabara, em encontros noturnos, Cruz ofereceu a Witzel o recebimento de 20% dos valores pagos às empresas. As reuniões, celebradas na varanda do Palácio, ficaram registradas no livro de entrada da portaria do próprio palácio e estão reproduzidas na denúncia. A maioria dos encontros ocorria após o expediente, às 21h. Mas, também há registros de encontros no café da manhã, como no dia 7 de outubro de 2019, em que a portaria aponta a entrada de Cruz às 7h50 da manhã.
Outro encontro reproduzido, entre Cruz e Witzel, que o porteiro anotou, ocorreu no dia 17 de outubro de 2019, com término às 21h40. Ainda de acordo com Santos, as reuniões noturnas com Witzel eram semanais. No total, foram desviados cerca de R$16 milhões dos cofres públicos através desse único esquema envolvendo o TRT.
A operação Mais Valia seria um desdobramento da Operação Tris in idem, que afastou em agosto do ano passado o então governador Witzel do cargo durante a crise de gastos em meio ao pico da pandemia.
Agora, o MPF apura o pagamento indevido de quantias aos magistrados, que, em resposta, davam vantagens aos integrantes do esquema criminoso possivelmente instalado do governo de Witzel, que agora responde como réu por corrupção e lavagem de dinheiro.
De acordo com a denúncia feita pelo MPF, algumas firmas pagavam aos magistrados para serem incluídas no esquema chamado Plano Especial de Execução da Justiça do Trabalho Fluminense. O objetivo era conseguir uma forma do governo do estado pagar valores devidos.
As sete empresas envolvidas e citadas no inquérito são: a Pró-Saúde, a Átrio Service, a MPE Engenharia e quatro consórcios de transporte: Transcarioca, Santa Cruz, Intersul e Internorte.
Na última terça-feira, Witzel voltou a ser denunciado. Esta já é a quarta denúncia da PGR contra o ex-juiz federal, afastado do cargo de governador.
O Tribunal Pleno do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT-RJ) determinou nesta quinta-feira (4), por unanimidade, o afastamento cautelar dos quatro desembargadores e um juiz, presos em Benfica, Zona Norte do Rio, na Operação Mais Valia. São eles: Marcos Pinto da Cruz, Antônio Carlos de Azevedo Rodrigues, Fernando Antônio Zorzenon da Silva, José da Fonseca Martins Junior, e o juiz do trabalho Múcio Nascimento Borges. As informações são do jornal O Dia.