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Notícias Com cerca de 340 milhões habitantes, os Estados Unidos possuem 435 deputados federais há quase 100 anos. O Brasil, com cerca de 210 milhões de habitantes, tem 513 e quer mais

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Para o jornal carioca, projeto que cria 18 novas vagas não tem cabimento. (Foto: Reprodução)

As bancadas estaduais na Câmara não são redistribuídas desde 1993, quando foram estabelecidas com base no Censo de 1991. De lá para cá, variações demográficas criaram distorções. Para respeitar o princípio constitucional da proporcionalidade entre os representantes e as respectivas populações representadas, nove estados cuja população aumentou — Santa Catarina, Paraná, Pará, Amazonas, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Rio Grande do Norte — deveriam ampliar suas bancadas, enquanto sete — Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Piauí, Paraíba, Bahia, Pernambuco e Alagoas — precisariam reduzi-las.

Embora a Constituição determine que as bancadas sejam atualizadas antes de toda eleição, isso depende do recenseamento populacional. Omisso, o Congresso aproveitou esse pretexto para deixar de ajustá-las depois dos Censos de 2000 e 2010. Agora, por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), os parlamentares têm o dever de rever a distribuição segundo o Censo de 2022. Os deputados aproveitaram para tentar outra mudança, de natureza corporativista e paroquial.

A Câmara aprovou um projeto que cria 18 novas vagas na Casa, elevando o número de 513 para 531. Dessa forma, nenhum estado perderia cadeiras, e as novas seriam usadas para reequilibrar as bancadas. A proposta seguiu para o Senado. Atualizações periódicas da bancada são cruciais para reduzir as distorções causadas pela demografia. Mas a decisão de inchar a Câmara tem como objetivo apenas acomodar o interesse de bancadas que perderiam cadeiras, de modo a mantê-las intactas.

Noutros países, o movimento tem sido o contrário. Os Estados Unidos têm 435 representantes desde 1929. A Itália reduziu os seus de 630 para 400. A Alemanha, de 736 para 630. O Japão, de 480 para 465. França e Portugal estudam tomar medida semelhante.

Em teoria, o cálculo do tamanho das bancadas deveria ser simples: divide-se a população brasileira pelas 513 cadeiras e chega-se ao número de brasileiros que cada deputado representa (382.449). Depois, caso o voto de cada brasileiro tivesse o mesmo peso, bastaria dividir a população de um estado por esse número para obter o tamanho justo de sua bancada. A valer tal regra, São Paulo teria 120 deputados; Acre, Amapá e Roraima, apenas dois. Para evitar tal desproporção, porém, a Constituição estabelece um mínimo de oito e um máximo de 70 por bancada. É por isso que um voto de Roraima acaba valendo oito votos paulistas. Mas a mesma Constituição não prevê nenhum aumento no total de parlamentares com as variações demográficas.

É evidente que cada novo deputado virá com gabinete, séquito de assessores e verbas de todo tipo. O custo das novas vagas para a Câmara é estimado em R$ 64,8 milhões anuais. Sem falar nas emendas parlamentares — em 2024, cada deputado teve direito a quase R$ 38 milhões só em emendas individuais. O inchaço será reproduzido nas Assembleias estaduais, com 30 novas vagas ao custo de R$ 75 milhões por ano, como mostrou reportagem do GLOBO. Os deputados minimizam o efeito fiscal com o argumento de que tais gastos serão cobertos pelo remanejamento de verbas. Pura balela.

O STF fez bem ao determinar que as bancadas sejam reequilibradas. Para isso, o certo seria transferir cadeiras entre os estados segundo sua representação. Aumentar o número de deputados é só gastar mais dinheiro para nada. (Opinião/O Globo)

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