Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 21 de julho de 2019
Em um novo sinal da crescente hostilidade entre os dois países, o Exército dos Estados Unidos disse neste domingo (21) que um caça venezuelano seguiu “agressivamente” um avião Aries II EP-3 da Marinha americana que sobrevoava o espaço aéreo internacional.
O governo da Venezuela, porém, afirma que as Forças Armadas do país rechaçaram “a incursão de uma aeronave de reconhecimento e inteligência dos EUA” na área de voo do aeroporto de Maiquetía, próximo a Caracas.
O entrevero entre os dois aviões ocorreu na sexta-feira (19), no mesmo dia em que o governo de Donald Trump anunciou que iria impor sanções a quatro altos funcionários da agência militar de contrainteligência da Venezuela.
No comunicado divulgado neste domingo, o Exército dos EUA disse que um “caça de fabricação russa acompanhou agressivamente o EP-3 a uma distância insegura no espaço aéreo internacional por um período prolongado de tempo, pondo em risco a segurança da tripulação e a missão do EP-3”.
O avião EP-3, segundo o Exército americano, foi abordado de modo “não profissional” pelo caça Sukhoi Su-30 sobre águas do Caribe. O Exército americano disse que “rotineiramente conduz voos multinacionais em missões de detecção e de monitoramento”.
Já o comunicado do governo venezuelano afirma que a aeronave dos EUA foi detectada no espaço aéreo do país na manhã de sexta-feira e não informou sua presença às autoridades locais, o que representou um risco para outros aviões na área. Às 11h33, hora local, dois caças venezuelanos interceptaram a aeronave e ela foi escoltada para fora do espaço aéreo da Venezuela, acrescentou o texto.
Os dois aviões não colidiram e ninguém ficou ferido no incidente. As Forças Armadas dos EUA não deram detalhes da missão do EP-3 e nem disseram onde exatamente o encontro, segundo sua versão, teria ocorrido.
O governo Trump tem aplicado pesadas sanções contra indivíduos e empresas estatais venezuelanos, em um esforço para tirar do poder o presidente venezuelano Nicolás Maduro, cuja reeleição em 2018 foi considerada ilegítima pelos Estados Unidos e por mais 53 países.
“O regime de Maduro continua a minar as leis internacionalmente reconhecidas e demonstra seu desprezo pelos acordos internacionais que autorizam os EUA e outras nações a conduzir com segurança voos no espaço aéreo internacional”, afirmou o Exército americano no comunicado. A declaração também criticou a Rússia, dizendo que o encontro próximo no ar “demonstra o apoio militar irresponsável da Rússia ao ilegítimo regime de Maduro”.
A Venezuela compra armas russas desde o governo de Hugo Chávez (1999-2013), depois que os Estados Unidos pararam de fornecer armamentos ao país e também proibiram que outros países vendessem a Caracas equipamento militar com componentes americanos.
Desenvolvido nos anos 1980 pela então União Soviética, o caça Su-30 fez seu primeiro voo em 1989, mas entrou em operação apenas em 1996. Seu design é baseado no Sukhoi Su-27 , um dos caças de maior sucesso produzidos pela Rússia. No caso do Sukhoi Su-30 , ele foi usado em operações russas durante a Guerra da Síria , especialmente para escoltar bombardeiros. Além disso, participou de ações como a ofensiva na província de Hama, em 2017.
A Venezuela temi 24 unidades do Su-30, compradas entre 2006 e 2008. Apesar da grave situação econômica, Maduro não engavetou um plano para adquirir outras 12 unidades. Cada avião tem o custo estimado de US$ 37,5 milhões.