Quarta-feira, 14 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 23 de junho de 2020
Os EUA já são responsáveis por 20% de todos os novos casos de coronavírus no mundo, de acordo com levantamento do The New York Times. As infecções continuam a crescer em Estados do Sul e da Costa Oeste americana. No domingo (21), Oklahoma e Missouri relataram recorde de contaminações. Na segunda-feira (22), a Flórida atingiu a marca de 100 mil casos de Covid-19.
Alguns epidemiologistas, como Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA, que comanda a força-tarefa da Casa Branca, garantem que a pandemia está longe do fim. “Não dá para falar em segunda onda, porque ainda estamos na primeira”, disse Fauci.
Outros especialistas, como Michael Osterholm, diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), já não falam mais na possibilidade de segunda onda de infecções e acreditam que a população terá de conviver com o vírus por um longo período. “Não acho que o vírus vai desacelerar. Não teremos uma, duas ou três ondas. O que veremos é um longo e complicado incêndio florestal de casos”, disse Osterholm ao programa Meet the Press, da NBC.
Mas a preocupação das autoridades sanitárias não parece ser a mesma do governo americano. Na semana passada, o presidente Donald Trump afirmou que a pandemia estava “desaparecendo”. No sábado (20), em discurso em Tulsa, no Estado de Oklahoma, ele voltou a minimizar a gravidade da crise e fez piadas sobre o coronavírus, chamando-o de “kung-flu” (flu significa gripe, em inglês) – uma referência à China, onde teve início o surto de Covid-19.
O presidente disse ainda que havia pedido que a testagem para o coronavírus fosse reduzida nos EUA. “Se você faz muitos testes, vai encontrar mais pessoas e mais casos. Então, eu disse ao meu pessoal: Diminuam os testes, por favor”, afirmou Trump. Mais tarde, Kayleigh McEnany, porta-voz da Casa Branca, disse que o comentário foi uma “brincadeira”.
Nesta semana, Trump voltou a tocar no assunto – e não parecia estar brincando. “Estamos fazendo um trabalho muito bom. A razão pela qual temos mais casos é porque fazemos mais testes”, disse em entrevista ao repórter Joe St. George, da rede Scripps.
O argumento é o mesmo usado por Ron DeSantis, governador republicano da Flórida, um dos maiores aliados de Trump. Diante do aumento de casos no Estado, DeSantis culpou a quantidade de testes. Um dos últimos a decretar quarentena e um dos primeiros a retomar as atividades econômicas, DeSantis já responsabilizou também os trabalhadores rurais, a maioria imigrantes, por espalharem o vírus.
Na segunda, porém, Michael Ryan, diretor executivo do programa de emergências da Organização Mundial de Saúde (OMS), disse que o aumento dos testes não está impulsionando o aumento de casos. “As hospitalizações também estão aumentando, as mortes estão crescendo e elas não têm relação com os testes.”
Nova York
Duas semanas após dar início a uma diminuição das restrições de mobilidade por causa da pandemia do novo coronavírus, a cidade de Nova York reabriu serviços não essenciais, como restaurantes, que poderão oferecer refeições do lado de fora, cabeleireiros, salões de beleza e imobiliárias.
Na cidade onde 22 mil pessoas morreram de Covid-19, pelo menos 300 mil trabalhadores deverão voltar a circular por Manhattan, de acordo com as autoridades locais. O prefeito Bill de Blasio afirmou que se trata de “um passo gigante”. “É aqui que está a maior parte da nossa economia”, disse.
Ainda assim, com os estabelecimentos limitando sua capacidade máxima para garantir o distanciamento social, a quantidade de pessoas que retornavam ao trabalho parecia ser uma fração daquela que em outro momento se acotovelava em metrôs lotados e em elevadores.
“É bom voltar ao normal, mesmo que não seja 100% normal”, disse Kiki Boyzuick, de 45 anos, que trabalha em um escritório de recursos humanos no centro de Manhattan, o mais famoso distrito da cidade.