Terça-feira, 30 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 9 de dezembro de 2017
O ministro de Relações Exteriores da Palestina, Riad al Maliki, advertiu neste sábado (9) no Cairo, Egito, que, após a decisão do presidente americano, Donald Trump, de reconhecer Jerusalém como capital de Israel, os Estados Unidos se transformaram em parte do conflito e deixaram de ser um mediador para a paz.
Maliki fez a declaração em entrevista coletiva antes da reunião extraordinária que os ministros de Exteriores da Liga Árabe realizarão na capital egípcia. Dois palestinos morreram neste sábado em um ataque aéreo israelense em represália aos disparos de foguete a partir da Faixa de Gaza, um dia depois da advertência da ONU (Organização das Nações Unidas) contra uma “escalada da violência” após a polêmica decisão de Donald Trump sobre Jerusalém.
Outros dois palestinos faleceram na sexta-feira, durante o chamado “dia da ira” em Jerusalém, Cisjordânia ocupada e Gaza, quando milhares de palestinos enfrentaram soldados e policiais israelenses. Os confrontos também deixaram dezenas de feridos.
Os presidentes Tayyip Erdogan, da Turquia, e Emmanuel Macron, da França, trabalharão juntos para tentar persuadir os Estados Unidos a reconsiderarem sua decisão de reconhecer Jerusalém como capital de Israel. Os dois líderes concordaram por telefone que a decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, é preocupante para a região, e que Turquia e França fariam um esforço conjunto para tentar reverter a decisão.
Erdogan também falou pelo telefone com os presidentes do Cazaquistão, Líbano e Azerbaijão neste sábado sobre a questão. Na quarta-feira ele pediu uma reunião urgente da Organização de Cooperação Islâmica na Turquia na próxima semana.
O status de Jerusalém tem sido um dos maiores obstáculos ao acordo de paz entre Israel e os Palestinos há gerações. A França tem apoiado a causa palestina. Em 2014, a Assembleia Nacional Francesa passou uma resolução não vinculativa pedindo que o governo reconheça a Palestina, mas o governo não o fez oficialmente. Paris destacou no passado sua convicção de que uma solução de dois estados requer o reconhecimento da Palestina.
Recusa
O presidente palestino, Mahmud Abbas, anunciou neste sábado que não receberá o vice-presidente americano, Mike Pence. Pence visitará a região nas próximas semanas. “Não vai acontecer um encontro com o vice-presidente americano na Palestina”, disse Majdi al-Jalidi, conselheiro diplomático de Abbas.
“Com esta decisão sobre Jerusalém, o governo dos Estados Unidos ultrapassou todas as linhas vermelhas”, destacou o conselheiro. O papa Teodoro II da igreja ortodoxa copta do Egito também cancelou um encontro com o vice-presidente americano previsto para dezembro no Cairo, alegando que a decisão de Washington “despreza os sentimentos de milhões de árabes”.
Na Cisjordânia, território palestino ocupado pelo exército israelense há 50 anos, manifestantes voltaram a enfrentar os soldados israelenses em Belém. Jovens palestinos atiraram pedras contra os militares, que responderam com gás lacrimogêneo.
Na Faixa de Gaza, os moradores do território expressaram sua revolta durante os funerais dos dois palestinos mortos na sexta-feira (8) durante os confrontos com as forças israelenses, assim como durante as homenagens aos dois falecidos neste sábado nos bombardeios aéreos de Israel.
A situação é uma consequência da decisão unilateral do presidente americano Donald Trump de reconhecer Jerusalém como capital de Israel, o que também provocou várias manifestações em diversos países muçulmanos, assim como duras críticas da comunidade internacional.