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Por Redação O Sul | 11 de maio de 2020
Um estudo liderado por cientistas europeus apontou que homens têm níveis mais altos de uma enzima usada pelo novo coronavírus para infectar as células. Publicado nesta segunda-feira (11) pela revista “European Heart Journal”, a descoberta pode ajudar a explicar porque essa população parece ser mais vulnerável às infecções da Covid-19.
A enzima conversora de angiotensina (ACE2) é encontrada no coração, nos rins e em outros órgãos. Na Covid-19, a doença respiratória causada pelo novo coronavírus, acredita-se que ela desempenha um papel na forma como a infecção avança para os pulmões.
A investigação também revelou que os remédios amplamente receitados conhecidos como inibidores de ACE, ou bloqueadores de receptores de angiotensina (BRAs), não provocaram concentrações mais altas desta enzima e portanto não devem aumentar o risco de Covid-19 para as pessoas que os tomam.
Os inibidores de ACE e BRAs são muito receitados para pacientes com insuficiência cardíaca, diabetes ou doença renal, e representam bilhões de dólares em vendas em todo o mundo.
“Nossas descobertas não justificam a suspensão destes remédios em pacientes com coronavírus”, Adriaan Voors, professor de cardiologia da Universidade de Groningen, na Holanda.
A pandemia de Covid-19 já infectou mais de 4 milhões de pessoas em todo o planeta e matou quase 277 mil, de acordo com uma contagem da Reuters.
Maior incidência em homens
Os índices de morte e infecção indicam que os homens têm mais probabilidade de contrair a doença, e de sofrer complicações graves ou críticas neste caso, do que as mulheres.
Analisando milhares de homens e mulheres, a equipe de Voors mediu as concentrações de ACE2 em amostras de sangue retiradas de mais de 3.500 pacientes de insuficiência cardíaca de 11 países europeus.
O estudo havia começado antes da pandemia de coronavírus, disseram os pesquisadores, e por isso não incluiu pacientes de Covid-19.
Mas quando outras pesquisa começou a apontar a ACE2 como crucial para a maneira como o novo coronavírus entra nas células, Voors e sua equipe viram sobreposições importantes com seu estudo.
“Quando vimos que um dos biomarcadores mais potentes, o ACE2, estava muito mais alto em homens do que em mulheres, percebi que isto tinha o potencial de explicar por que os homens têm muito mais probabilidade de morrer de coronavírus do que as mulheres”, disse Iziah Sama, médico do hospital universitário de Groningen.