Sábado, 14 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 20 de janeiro de 2016
Oficiais do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) da FAB (Força Aérea Brasileira) divulgaram o relatório final da investigação do acidente aéreo que vitimou sete pessoas, entre elas o ex-governador de Pernambuco e candidato à presidência da República pelo PSB, Eduardo Campos, em agosto de 2014. Sem indicar um único motivo que causou a queda do avião, o órgão apontou quatro fatores que contribuíram para a tragédia: a atitude dos pilotos, as condições meteorológicas adversas, a desorientação espacial e a indisciplina de voo.
Também há fatores que podem ter contribuído, mas que não ficaram comprovados, como é o caso de uma eventual fadiga da tripulação – conforme aponta o relatório.
De acordo com o relatório, nem o piloto Marcos Martins, nem o copiloto Geraldo Magela da Cunha tinham feito cursos para pilotar aquela aeronave, modelo Cessna 560 XL. Martins tinha curso para operar uma aeronave de modelo anterior, mas o copiloto não tinha treinamento no modelo usado no dia do acidente, nem no anterior. “A falta de conhecimento da tripulação pode ter feito com que suas ações ficassem atrasadas em relação à sequência de eventos da cabine.”
Além disso, os padrões de voz do copiloto gravados durante o voo demonstraram que ele aparentava fadiga e sonolência. Em treinamentos e voos anteriores, ele havia se comportado de forma “passiva no voo”, não respondendo adequadamente a situações de emergência, assinala o relatório.
Ainda conforme o documento do Cenipa, alguns dias antes do acidente, o comandante chegou a comentar com outros pilotos que o desempenho do copiloto não estava adequado e que isso elevava a sua carga de trabalho. O comandante comentou, também, que o relacionamento interpessoal não estava bom.
Trajeto.
O relatório revelou que a tripulação da aeronave fez a aproximação da pista de pouso de modo diferente do padrão. Minutos antes do acidente, o piloto informou por rádio que tinha tomado os procedimentos para pouso, mas a posição da aeronave era outra. Ele deveria ter feito duas curvas no espaço aéreo próximo à pista de pouso – chamadas “bloqueio” e “rebloqueio” –, mas seguiu direto em direção à pista, em uma espécie de “atalho”.
A alta velocidade da aeronave e a curva acentuada que ela fez após a falha no pouso e a arremetida, segundo o Cenipa, poderiam ter sido causadas por manobras fortes demais. Os motores, que geralmente resistem a impactos, ficaram deformados. Isso pode ter acontecido, por exemplo, pela desorientação espacial dos pilotos.
A tripulação também não solicitou ao controle de tráfego aéreo informações sobre as condições de visibilidade da pista em nenhum momento. Na hora do acidente, chovia, havia névoa e a visibilidade era prejudicada.
Culpa.
Logo no início da apresentação do relatório, o chefe do Cenipa, Dilton José Schuck, afirmou que a função dos técnicos que investigaram o acidente era identificar os fatores que contribuíram ou que podem ter contribuído para a queda do avião, e não atribuir culpa a ninguém. “Não é finalidade nossa identificar aqui culpa ou responsabilidades de quaisquer pessoas ou instituições. Nosso trabalho é voltado para prevenção”, esclareceu.