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Redação O Sul
| 25 de março de 2021
Os preços do petróleo subiram depois que um navio encalhou no Canal de Suez, o que gerou preocupações sobre a oferta. Contudo, temores de uma lenta recuperação na demanda devido a “lockdowns” na Europa chegaram a limitar os ganhos.
O navio Evergreen é um porta-contêineres de grande porte e encalhou no quilômetro 151 do Canal de Suez por volta das 7h40 de quarta-feira (24) (12h40 no horário de Brasília-DF). O comunicado da Autoridade que gere o local destaca que a perda de orientação do cargueiro ocorreu por uma “tempestade de vento” de “cerca de 40 nós” – aproximadamente 74 km/h.
O Canal de Suez é uma das principais vias marítimas para o comércio internacional e, por conta do encalhamento, foi possível verificar um tráfego enorme, com dezenas de navios parados próximos ao local. A via artificial estratégica de 190 quilômetros de extensão liga o Mar Mediterrâneo com o Mar Vermelho e permite uma navegação mais rápida entre a Europa e a Ásia – sem a necessidade de contornar todo o continente africano.
“O suporte aos preços vem como cortesia do bloqueio ao transporte”, disse Stephen Brennock, da corretora PVM. “Mesmo assim, o sentimento do mercado provavelmente ainda vai sofrer pra sair dessa sua nova tendência baixista”.
O contrato futuro do petróleo Brent com vencimento em maio saltou 5,95%, a US$ 64,41 o barril, enquanto o petróleo dos Estados Unidos com mesmo vencimento avançou 5,92%, a US$ 61,18 por barril.
“O potencial impacto sobre a oferta levantou os preços”, disse Jeffrey Halley, da corretora OANDA, sobre o incidente em Suez, embora com a ressalva de que a questão parece temporária.
Conforme destaca a XP Investimentos, o evento pode provocar travas na cadeia global de energia.
O Bradesco BBI destaca que o Canal de Suez faz parte de algumas das rotas mais importantes dos navios petroleiros. Portanto, o bloqueio deve ter um impacto direto no fornecimento de óleo. “No entanto, o impacto deve ser temporário, e como as refinarias na Europa operam com baixas taxas de utilização e os estoques locais de petróleo estão em níveis elevados, o problema deve ter um impacto menor na demanda de petróleo”, avaliam os analistas.
Navegação suspensa
A navegação está suspensa no canal. Enquanto isso, equipes tentam manobrar o navio de contêineres de 220 mil toneladas e 400 metros de comprimento que é maior que a Torre Eiffel e quase do tamanho do Empire State.
Mais de 200 navios carregados aguardam a liberação em ambos os lados do canal. Cerca de 12% de todo o comércio global passa pelo local.
A estratégia da Autoridade do Canal de Suez (SCA, na sigla em inglês) tem sido escavar a área onde a proa do navio encalhou, empurrá-lo a partir do solo e usar grandes rebocadores para fazê-lo voltar a flutuar.
Mas ela não está funcionando. Agora, equipes de resgate da Holanda e do Japão foram convocadas para redesenhar os planos para desencalhar o meganavio, que tem bandeira panamenha, foi construído em 2018 e tinha como destino o porto de Roterdã, na Holanda.
A Evergreen Marine Corp de Taiwan, que alugou o navio, anunciou que a empresa holandesa Smit Salvage e a japonesa Nippon Salvage vão trabalhar ao lado da SCA e do capitão do navio para fazê-lo flutuar e retomar tráfego em uma das principais rotas comerciais do mundo.