Quarta-feira, 30 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 24 de setembro de 2017
O relatório da PF (Polícia Federal) sobre o ‘Quadrilhão do PMDB’ na Câmara dos Deputados, que embasou denúncia do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, apresenta um capítulo sobre pagamentos de propinas à suposta organização criminosa do partido. Em tópico relacionado somente ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), as investigações apontam para voos do delator Lúcio Funaro com destino a Salvador, onde permanecia por aproximadamente meia hora, decolando de volta ao ponto de partida. As datas e horários, fornecidos aos investigadores por empresa dona do hangar, são equivalentes às apontadas em planilhas de Funaro em que são registrados supostos pagamentos ao ex-ministro. Segundo a PF, documentos apontam para repasses de R$ 16,9 milhões do operador a Geddel somente entre 2012 e 2015.
Geddel está preso preventivamente desde o dia 8 de setembro, após a PF descobrir, na Operação Tesouro Perdido, um apartamento em Salvador (BA) a apenas 1,2 quilômetros da casa do peemedebista, com R$ 51 milhões em dinheiro vivo, socado em malas e caixas. Ele é investigado na Operação Cui Bono por supostos desvios oriundos de liberações de empréstimos à época em que foi vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal.
O dinheiro tinha as digitais do ex-ministro e do ex-chefe da Defesa Civil de Salvador, Gustavo Pedreira Couto Ferraz. Aliado ao PMDB na Bahia, Ferraz é apontado pela PF como o interposto que teria pego dinheiro para Geddel do doleiro Lúcio Funaro em São Paulo.
Em delação, Funaro afirma ter feito pagamentos de R$ 20 milhões ao peemedebista. Desse total, a PF encontrou registros de voos e pagamentos em planilhas que supostamente são relacionados aos repasses de R$ 16,9 milhões.
Nas planilhas do delator, Geddel é associado às indicações “G”, “Ge”, “Gu”, “Ged”, “Gued”, “If/g” e “If-salv”, de acordo com a PF.
O doleiro alegou que teria entregue valores o ex-ministro teria feito entregas a um hangar da Aero Star Taxi Aereo LTDA, no aeroporto de Salvador. A empresa forneceu as informações sobre pousos e decolagens do delator. Cruzando dados fornecidos pela empresa com planilhas de Funaro, a Polícia Federal identificou indícios de pagamentos a Geddel.
“Com relação ao registro de pagamento referente ao dia 30/01/2014, dos valores de R$ 1.000.000,00 [um milhão de reais], em ofício emitido pela empresa Aero Star, verificou-se que Lúcio Funaro contratou, por meio de sua empresa Viscaya Holding Participações, intermediações, estruturações e serviços LTDA, serviços de ‘hangaragem’ no dia 29/01/2014, um dia antes da data registrada na planilha de pagamentos a Geddel. A aeronave, PT -MJC, de propriedade de Lúcio Funaro, permaneceu do hangar da empresa por apenas 30 (trinta) minutos. Entre 19:02h e 19:32h. Esse curto período de parada, juntamente com os contextos apresentados, permitem inferir que o objetivo da viagem teria sido unicamente para a entrega de valores conforme a planilha de Funaro”, conclui a PF.