Terça-feira, 20 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 20 de maio de 2025
Marçal foi denunciado 32 vezes com base no artigo 132 do Código Penal, que trata de “expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente”
Foto: ReproduçãoA Justiça de São Paulo aceitou denúncia do Ministério Público estadual e tornou réu Pablo Marçal (PRTB) por colocar em risco a vida de pelo menos 32 pessoas durante uma expedição ao Pico dos Marins, em Piquete, em São Paulo, em janeiro de 2022.
A decisão desta terça-feira (20) é assinada pela juíza Rafaela D’Assumpção Cardoso Glioche. No documento, a magistrada afirma que a investigação da polícia que acompanha a denúncia do Ministério Público apresenta elementos suficientes para a instauração do processo criminal.
Entre os elementos apontados na denúncia estão:
Época crítica para expedição no Pico dos Marins;
Condições climáticas adversas, com chuva, neblina e rajadas de ventos de 100 km/h;
Roupas inapropriadas;
Ausência de guias para orientação.
A juíza determinou que Marçal seja intimado da decisão e apresente em resposta à acusação em um prazo de 10 dias. O influenciador poderá apontar provas e testemunhas que usará em sua defesa. Marçal foi denunciado 32 vezes com base no artigo 132 do Código Penal, que trata de “expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente”.
O MP chegou a propor a possibilidade de transação penal – uma espécie de acordo para evitar a ação. E sugeriu o pagamento de R$ 272 mil – equivalente a 180 salários-mínimos -, que seriam destinados a uma entidade pública ou privada com destinação social.
Como não houve manifestação da defesa de Marçal nos autos, a juíza avaliou e decidiu aceitar a denúncia contra ele.
Segundo a denúncia do MP, Marçal “desprezou a contraindicação dos guias e promoveu a subida ao Pico dos Marins mesmo com as advertências para recuar”. O objetivo do coach, de acordo com o órgão, era mostrar a importância de se correr riscos para vencer e prosperar na vida.
“Entretanto, na medida em que subiam a trilha rumo ao cume, a chuva aumentou, exsurgindo significativa neblina e vento forte, com pouca visibilidade, o que tornava o trajeto inóspito, permeado de lama e pedras escorregadias, afora o risco de hipotermia [algumas pessoas estavam com as vestimentas encharcadas sem peças de troca]”, sustentou a promotoria.
Expedição
A jornada foi toda registrada nas redes sociais de Marçal e, nos vídeos, é possível ver que, já na saída para a caminhada, as condições climáticas não eram apropriadas. Mesmo assim, Marçal insistiu na continuidade da expedição, chamando uma oração para que Deus pudesse “parar o vento”.
“Eu sei no meu coração que dá pra subir. Vai ser a pior experiência de todas. Nós sabemos que, do jeito que está aqui, não dá para subir. Mas uns pararam o sol, outros voltaram o tempo. A gente não tá pedindo nada disso. Só estamos pedindo para o Senhor desviar o vento”, afirmou Marçal na oração.
Ele compartilhou vídeos que mostram as pessoas relatando cansaço, frio e querendo desistir da “expedição” enquanto eram convencidas por ele de que a circunstância “era uma chance de crescimento” e que era preciso “vencer os medos”.