Celebridades Padre Marcelo Rossi revela o que fez para superar a depressão
Por Redação O Sul | 22 de abril de 2016
Não é preciso muito tempo ao lado do padre Marcelo Rossi para entender o significado da palavra calma. A pressa que move o mundo parece não fazer morada nele. O sacerdote, de 48 anos, conversou com a reportagem sobre sua experiência com a depressão, doença que já acometeu mais de 120 milhões de pessoas ao redor do mundo, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde). O religioso também contou sobre o processo de produção de seu novo livro, “Ruah” – no qual fala sobre a perda de peso que teve nos últimos anos e dá dicas de alimentação saudável. Confira alguns trechos de sua entrevista.
Como conheceu a depressão?
Padre Marcelo Rossi – Eu tenho 23 anos de sacerdócio e já ajudei muita gente. Na verdade, já perdi as contas de quantas pessoas eu ajudei a sair da depressão, mas eu nunca acreditei que existia, para mim era frescura. Até que eu caí na depressão.
E como foi?
Padre Marcelo – Como eu descobri isso? Na verdade, foi quando comecei a perceber que tudo que fazia havia deixado de ser missão e virado trabalho. Daí, eu comecei a não dormir direito e a contar o tempo que faltava para os compromissos acabarem.
O que a depressão fez com o senhor?
Padre Marcelo – Você perde a cor, o brilho. Mas essencialmente o colorido. Você faz as coisas, e eu nunca as deixei de fazer, mas entenda: eu já tive uma profissão, sou formado em educação física e larguei tudo pela minha vocação, a missão de ser padre, um pai espiritual. De repente, eu percebi que o que eu estava fazendo já não era com prazer, eu prestava atenção no horário, eu cronometrava a missa. Não deixei nunca de fazer nada, mas detalhe: até então, não tinha caído a ficha que eu estava doente.
E quando caiu?
Padre Marcelo – Quando passei a atender uma pessoa que tinha anorexia e passei a somatizar a doença dela. Na época, eu estava muito inchado por conta dos anti-inflamatórios que estava tomando para a coluna e comecei uma dieta, mas exagerei.
Como o senhor lidou com tudo isso?
Padre Marcelo – Como já disse, de primeira, eu achava que a depressão era uma frescura, mas nunca deixei de lidar com as pessoas que a tinham, pois eu pensava que o que elas precisavam era sair de si mesmas e mergulhar no outro, olhar para o outro. Mas não é bem assim.
E o que é?
Padre Marcelo – A depressão é uma doença, um mal que existe. Eu estou curado, mas eu tenho que estar sempre equilibrado na graça de Deus e sempre alerta porque a depressão pode voltar. Não tem idade, não tem explicação, não escolhe. E foi aí que comecei a fazer todo um trabalho, e nasceu o “Philia” [livro anterior ao “Ruah”]. Foram sete meses e 22 dias nesse processo.
O senhor teve ajuda médica?
Padre Marcelo – De início, não. Na verdade, conversei com um amigo. E ele falou: “Esquece antidepressivo, seu fígado tá detonado e pode chegar numa cirrose medicamentosa e, aí, só um transplante de fígado resolve. Você não tem fé? Vai ter que vencer pela fé.” E assim foi. (AG)
