Domingo, 22 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 21 de junho de 2025
Em encontro com líderes de tecnologia no Vaticano, pontífice destaca necessidade de respeitar a dignidade humana no desenvolvimento da IA.
Foto: ReproduçãoO papa Leão XIV afirmou que empresas de tecnologia que desenvolvem inteligência artificial devem seguir critérios éticos que respeitem a dignidade humana.
Segundo ele, a IA deve considerar “o bem-estar da pessoa humana não apenas materialmente, mas também intelectual e espiritualmente”. A declaração foi feita em mensagem enviada na sexta-feira (20) a um encontro sobre inteligência artificial que reuniu autoridades do Vaticano e executivos do Vale do Silício.
“Nenhuma geração teve acesso tão rápido à quantidade de informações agora disponíveis por meio da IA”, disse o pontífice. No entanto, ele alertou que “o acesso aos dados — por mais extenso que seja — não deve ser confundido com inteligência”.
O papa também manifestou preocupação com o impacto da inteligência artificial no desenvolvimento intelectual e neurológico das crianças. Em sua mensagem, escreveu que “o bem-estar da sociedade depende de lhes ser dada a capacidade de desenvolver seus dons e capacidades concedidos por Deus”.
A fala do pontífice ocorreu no segundo dia de uma conferência de dois dias realizada em Roma para debater as implicações sociais e éticas da inteligência artificial. A Segunda Conferência Anual de IA contou com a presença de representantes de empresas como Google, OpenAI, Anthropic, IBM, Meta e Palantir, além de acadêmicos de universidades como Harvard e Stanford e integrantes da Santa Sé.
O evento acontece em um momento de intensos debates sobre os rumos da tecnologia, que tem avançado rapidamente. A IA promete ganhos de produtividade, avanços em pesquisas e combate a doenças, mas também levanta preocupações sobre desemprego, desinformação, impactos ambientais e uso militar.
Alguns líderes do setor resistem a propostas de regulamentação que buscam garantir o uso responsável da IA, alegando que essas medidas podem frear a inovação e comprometer a competitividade global.
“A inteligência artificial tem sido usada, em alguns casos, de forma positiva e nobre para promover maior igualdade. No entanto, também pode ser empregada de maneira indevida para ganhos egoístas às custas de outros ou, pior, para fomentar conflitos e agressões”, afirmou o papa.
Embora não tenha poder regulatório, o Vaticano tem se posicionado com frequência sobre o tema, buscando influenciar a formulação de políticas públicas e diretrizes éticas para o desenvolvimento tecnológico.
Em 2020, a Santa Sé promoveu um evento com a presença de representantes da indústria, reguladores da União Europeia e o então papa Francisco, que resultou no “Chamado de Roma para a Ética na IA” — um documento com princípios éticos para a criação de algoritmos. IBM, Microsoft e Qualcomm foram algumas das empresas signatárias do compromisso.