Terça-feira, 13 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 11 de maio de 2025
O Vaticano ficou lotado nesse domingo (11) para a primeira bênção dominical do Papa Leão XIV. Cerca de 150 mil pessoas se aglomeraram na Praça de São Pedro para ouvir o novo Pontífice, que pediu o fim dos conflitos armados em todo o mundo. Leão XIV leu a mensagem pela paz ao fim da oração da Regina Coeli (“Rainha da Paz”, em português), celebração que atraiu cerca de 150 mil fiéis ao Vaticano. Ele citou as guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza, além do conflito entre Índia e Paquistão na região da Caxemira.
Da sacada da Basílica de São Pedro, Leão XIV relembrou os 70 anos do fim da Segunda Guerra Mundial e repetiu o alerta do Papa Francisco de que agora estamos assistindo a uma “Terceira Guerra fragmentada”.
“Como o Papa Francisco afirmou repetidamente, eu também me dirijo aos líderes mundiais, repetindo o apelo sempre oportuno: Guerra nunca mais!”, disse o Pontífice, muito aplaudido pela multidão. “Trago no meu coração o sofrimento do amado povo ucraniano. Que se faça tudo o que for possível para alcançar o mais rápido possível uma paz autêntica, justa e duradoura. Que sejam libertados todos os prisioneiros e que as crianças possam retornar às próprias famílias”, acrescentou.
A mensagem sobre o conflito no Leste Europeu ocorre um dia após o presidente russo, Vladimir Putin, propor uma negociação direta entre Rússia e Ucrânia no próximo dia 15, na Turquia, a fim de discutir um possível cessar-fogo. Putin afirmou que não há “condição prévia” para a negociação. Em uma manifestação neste domingo, o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky afirmou que Moscou “começa a considerar a paz” e disse que a proposta de Putin é um “sinal positivo”.
Embora seja um pedido geral para o fim da guerra, que se arrasta por mais de três anos, a menção do Papa específica ao retorno de “crianças a suas famílias” parece fazer referência a um dos pontos mais polêmicos da guerra: a deportação de crianças ucranianas para a Rússia. Os dois países chegaram a entendimentos durante o conflito para que algumas delas fossem reunidas com suas famílias ao longo da guerra, mas a alegação de deportação ilegal de crianças foi um dos motivos que levou o Tribunal Penal Internacional (TPI) a emitir um mandado de prisão contra Putin.
Guerra em Gaza
O Papa também citou o conflito na Faixa de Gaza, entre Israel e Hamas, fazendo um apelo duplo: para que os reféns ainda mantidos em cativeiro sejam libertados e para que a população do enclave palestino volte a receber ajuda humanitária. A estimativa israelense é de que 59 reféns ainda estejam em poder de grupos armados palestinos, enquanto organizações internacionais denunciam uma crise humanitária grave em Gaza pelo bloqueio imposto por Israel na fronteira, que impede o auxílio a civis.
“Sinto a dor daquilo que acontece na Faixa de Gaza. Que cesse imediatamente o fogo. Que se preste socorro humanitário a toda a população civil, e que os reféns sejam liberados”, disse Leão XIV.
Cessar-fogo
O Pontífice se disse satisfeito com o anúncio de acordo entre Índia e Paquistão para um cessar-fogo após uma escalada de violência na região da Caxemira. Apesar do acordo, acusações de descumprimento partiram tanto de Islamabad quanto de Nova Délhi.
“Acolhi com satisfação o anúncio do acordo entre Índia e Paquistão. Espero que através das novas negociações se possa alcançar rapidamente um acordo duradouro. Também existem tantos conflitos no mundo. Confio à Rainha da Paz este forte apelo para que seja ela que apresente ao senhor Jesus para que alcancemos o milagre da paz”, disse.
Tributo a Francisco
No sábado, Leão XIV visitou a sepultura do Papa Francisco, que pediu para ser enterrado fora do Vaticano, na Basílica Santa Maria Maior. No encontro com o colégio de cardeais, Leão XIV voltou a elogiar seu antecessor. Disse que Francisco se notabilizou pelo “estilo de total dedicação ao serviço e sobriedade essencial na vida” e afirmou que continuará a conduzir a Igreja numa direção mais missionária, com maior cooperação entre os líderes eclesiásticos e proximidade com os marginalizados.