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Brasil Para chegar à Antártida, o navio de pesquisas da Marinha brasileira cruzou mais uma vez um trecho perigoso onde já ocorreram 800 naufrágios

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Cerca de 40% da produção científica brasileira na região é feita no Comandante Ferraz. (Foto: Agência Brasil)

Espécie de laboratório-ambulante da Marinha brasileira que fornece apoio a pesquisas na Antártida, o navio polar Almirante Maximiano – também conhecido como “Tio Max” – precisa atravessar o Estreito de Drake, passagem obrigatória da viagem marítima entre a América do Sul e o continente gelado. Com ondas que podem chegar 12 metros de altura e fortes ventos, trata-se de um dos trechos mais perigosos para navegação no planeta.

Estima-se que 800 embarcações tenham afundado no local, matando 10 mil marinheiros. Na última terça-feira, com pouco mais de 24 horas a bordo, o comandante João Candido Marques Dias decidiu “aterrar” o navio perto de Puerto Williams (na região chilena da Terra do Fogo), devido à previsão de mar agitado e outras condições desfavoráveis na região do Drake.

O plano foi aguardar em lugar mais protegido, até a melhoria da situação, a fim de evitar avarias na embarcação e mal-estar entre tripulantes e passageiros. A espera acabou durando 30 horas, até a madrugada de quinta-feira, em uma travessia concluída na tarde de sexta-feira, quando “Tio Max” adentrou a península Antártica.

Durante o trajeto, as ondas atingiram até 4 metros, causando na embarcação um balanço suficiente para causar enjoos em jornalistas e até mesmo em alguns militares. Também foram derrubados objetos e impossibilitada uma simples uma ida ao banheiro. Móveis e utensílios do navio ficaram amarrados e pratos de louça substituídos por versões de plástico, dentre outras medidas de precaução.

Na manhã de sábado, o navio ancorou próximo à base científica. Já o desembarque rumo à estação Comandante Ferraz foi realizado na manhã do domingo.

Relevância

Cerca de 40% da produção científica brasileira na região é feita dentro do Comandante Ferraz, avaliado em R$ 150 milhões. O restante acontece em acampamentos (20%), módulos automatizados (15%) e na Estação Comandante Ferraz (20%), que será reinaugurada nesta terça-feira, na ilha Rei George.

A base terreste foi criada em 1984, mas em 2012 sofreu um incêndio de grande proporções, matando dois militares e destruindo 70% de suas instalações. Desde então, o governo federal já investiu cerca de US$ 100 milhões na obra de reconstrução, incluindo alguns dos equipamentos mais avançados do mundo para o setor.

No local, pesquisadores vão realizar estudos nas áreas de biologia, oceanografia, glaciologia, meteorologia e antropologia. A Marinha também utiliza essa infraestrura em mar e terra para fazer a atualização de cartas náuticas. O Brasil participa de um acordo internacional que faz o levantamento hidrográfico da Antártida. “Não é um lugar que seja totalmente mapeado. A gente não tem carta náutica de todos os lugares, é um lugar em construção”, diz o comandante Marques Dias, que já esteve em nove missões na área.

No ano passado, o navio fez esse trabalho na baia da ilha Rei George, onde fica a base científica brasileira na Antártida. Segundo Rodrigo Tecchio, capitão tenente da Marinha, na atualização de uma carta náutica é verificado, por exemplo, se as profundidades existentes na região são as mesmas do levantamento anterior.

Durante o trabalho feito na ilha foi verificado, por exemplo, que a carta náutica antiga apontava um determinado local com 679 metros de profundidade. Com equipamentos mais modernos, verificou-se que a medida correta é 620 metros. Em outro trecho, a carta antiga marcava 108 metros de profundidade, quando, na verdade, o valor correto é quase três vezes maior.

O navio também conta com um medidor de correntes oceânicas, que tem por finalidade investigar o comportamento delas em uma região com condições climáticas tão extremas, além do transporte de materiais orgânicos. Essas informações auxiliam não só a Marinha como também pesquisadores na Antártida, além de serem armazenadas no Banco Nacional de Dados Oceanográficos.

Dispõe, ainda, uma estação meteorológica automática, que fica ligada 24 horas, e, de três em três horas, envia mensagens com dados de temperatura do ar, da água, da pressão atmosférica, entre outros. Eles seguem para o centro de informações da Marinha e servem de subsídio para a previsão do tempo no Brasil.

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