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Colunistas Parar de usar o glifosato nos cultivos agrícolas?

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(Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

O imbróglio estabelecido pela estapafúrdia decisão judicial restritiva ao uso do glifosato na agricultura fez-me retornar aos tempos de professor da Faculdade de Agronomia, quando ensinava na década de 1960 ser o solo uma estrutura complexa, com inúmeros canais e vasos capilares facilitadores da infiltração e circulação da água, do aprofundamento das raízes e das trocas gasosas com a atmosfera.

Ensinava ainda que o preparo do solo com arado e grade quebrava essa benéfica estrutura, destruindo os agregados de partículas, favorecendo o transporte das frações mais férteis “morro abaixo” pelas enxurradas, depositando-as nos córregos e rios, assoreando-os, num processo erosivo daninho à fertilidade do solo e ao meio ambiente.

A solução para esse problema surgiu na década de 1970, pelo o uso do glifosato, um herbicida dessecante que mata a cobertura vegetal permitindo a semeadura sem precisar revolver o solo, num sistema promitente que passou a ser chamado de “plantio direto”. Por evitar a desestruturação do solo e mantê-lo coberto pela palha seca reduz o impacto das gotas de chuva, controlando a erosão, afora diminuir a evaporação da água e abrandar as bruscas oscilações de temperatura no solo.

O sucesso da prática do plantio direto levou à sua adoção mundo afora, sendo este sistema considerado “o maior avanço havido na agricultura” desde os seus primórdios, há 10 mil anos.

No Brasil o plantio direto, com o emprego de glifosato, é prática usual em 95% das áreas cultivadas com soja, milho e algodão, motivo pelo qual a proibição do seu uso levará a um desastre de dimensões incalculáveis, repercutindo em desabastecimento, queda da atividade econômica, desemprego, colapso nas exportações e desequilíbrio na balança comercial (já imaginou os agricultores de braços cruzados, por ordem judicial, na hora que se aproxima, de semear os 35 milhões de hectares anualmente cultivados por semeadura na palha?).

Lançado há mais de 40 anos o glifosato se constitui no herbicida mais comercializado no mundo, usado em todos os países de agricultura avançada, neles aprovado por suas entidades reguladoras.

Mas, se o sistema de cultivo com o uso do glifosato é tão bom, a quem interessa promover a dificuldade restritiva ora imposta? A resposta é: aos nossos competidores de fora, incomodados pela nossa competência, auxiliados internamente por setores do judiciário alheios aos reais interesses nacionais.

Sobre o seu alegado efeito cancerígeno, mais de 800 estudos científicos já foram realizados sem encontrar evidências de seu efeito nocivo, tendo em 2015 a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos concluído “ser improvável ser uma ameaça cancerígena para seres humanos”, tendo a ONU, em 2016, em parceria com a Organização Mundial da Saúde concluído “ser pouco provável constituir um risco cancerígeno para seres humanos em exposição através da dieta, mesmo em doses elevadas”.

A alegação de que “o glifosato pode ser carcinogênico” vem sendo repetida, sem a devida comprovação científica, em relação a diversas outros químicos presentes nos alimentos industrializados habitualmente consumidos pela população, nas formas de conservantes, corantes, emulsificantes, espessantes, acidulantes, edulcorantes, antioxidantes e outros, reiteradamente apontados como cancerígenos sem que se tenha a devida comprovação. Seria o caso de, como medida preventiva, suspender a comercialização de todos os alimentos que os contém?

Na crise sem precedentes em que o país se vê mergulhado, atacar de forma desajuizada e inconsequente o agronegócio, um dos poucos setores que ainda mantém-se pujante no cenário nacional, é no mínimo uma insensatez.

Eduardo Allgayer Osorio é professor Titular da UFPEL aposentado.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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https://www.osul.com.br/parar-de-usar-o-glifosato-nos-cultivos-agricolas/ Parar de usar o glifosato nos cultivos agrícolas? 2018-08-28
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