Sexta-feira, 07 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 1 de julho de 2015
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou, na manhã da terça-feira (30), à residência oficial do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), em Brasília, onde realizou reunião de avaliação da conjuntura política. O ex-presidente petista estava acompanhado de Paulo Okamotto, diretor do Instituto Lula. Participaram do encontro os peemedebistas José Sarney (AP), Romero Jucá (RR), Eunício Oliveira (CE) e Edison Lobão (MA), além dos senadores petistas Jorge Viana (AC) e Delcídio do Amaral (MS).
Lula chegou por volta de 9h20min e saiu aproximadamente às 10h40min, sem falar com a imprensa. O ex-presidente viajou a Brasília na segunda-feira (29). No mesmo dia, participou de outra reunião, dessa vez com senadores e deputados do PT. Na ocasião, ele cobrou que os aliados enfrentem a oposição com o mesmo “radicalismo” com que são atacados.
A ida de Lula à capital coincide com a viagem da presidenta Dilma Rousseff aos Estados Unidos e causou desconforto no Palácio do Planalto. A avaliação de assessores de Dilma é que o “timing” é péssimo e que Lula passa a imagem de que está assumindo as rédeas da articulação política do governo. Na última semana, o ex-presidente deu declarações de que o PT está “abaixo do volume morto” e que precisava se reinventar.
“Ele veio pra enfatizar isso, a importância do PMDB, dessa aliança”, disse Amaral. O petista afirmou que a legenda tem “papel preponderante” na coordenação política. “[O PMDB] é parceiro de primeira ordem.”
O ex-presidente, no entanto, ouviu uma série de reclamações e ataques da cúpula peemedebista ao governo Dilma. Os senadores do partido alegaram que o governo está paralisado e que pouco adianta anunciar pacotes para alavancar a economia se não há recursos em caixa.
Lula defendeu no encontro maior diálogo da petista com os demais Poderes, especialmente o Legislativo. Os peemedebistas reclamam que não há diálogo permanente com o Palácio do Planalto, sem a troca de informações sobre temas que estão em tramitação no Congresso – muitas vezes sendo pegos de surpresa no momento da votação de propostas de interesse do Executivo.
“Ele [Lula] acha que a presidente deveria reunir os poderes, conversar permanentemente na busca de saídas para o Brasil. Foi uma conversa boa, ele definitivamente veio em missão de paz, defendeu pontos de vista com relação à reforma política, uma conversa produtiva”, afirmou Calheiros.
O ex-presidente Lula teve agenda cheia na segunda-feira. Encontrou-se com João Santana, marqueteiro da campanha pela reeleição de Dilma, e telefonou para o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que foi citado na delação premiada do dono da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa.
Bancada petista
Em reunião de quase quatro horas com deputados e senadores petistas em Brasília, Lula cobrou união das bancadas do partido e reação “coletiva” dos parlamentares aos ataques e críticas da oposição “com o mesmo radicalismo” dos opositores, segundo o relato de líderes do partido.
O encontro com parlamentares, em um centro de convenções em Brasília, foi agendado a pedido de Lula, depois do mal-estar gerado na semana passada pelas declarações do ex-presidente. Para evitar vazamentos na reunião, deputados e senadores petistas deixaram celulares fora da sala onde ocorreu o encontro.
Questionado sobre como seria, na prática, a reação cobrada por Lula, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), disse que a orientação é fazer disputa “no nível necessário”. “[A orientação é] enfrentar a oposição com o mesmo radicalismo que eles nos enfrentam, fazermos a disputa política no nível que é necessário, para mostrarmos para a sociedade qual é o cerco que eles tentam montar contra o PT, sobretudo na criminalização do PT”, declarou.
O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), explicou que não se trata de ser “mal educados”. De acordo com Costa, o partido não contesta “de forma adequada” o que ele chama de “cerco violentíssimo sobre o partido e o governo” feito pela imprensa com a oposição.
“Sabemos que a grande mídia, juntamente com a oposição, monta um cerco violentíssimo sobre o nosso partido e o nosso governo e, muitas vezes, nós não fazemos o enfrentamento. Não é enfrentamento de agressão física ou verbal, mas dos argumentos, de forma adequada para vencer o debate político”, afirmou. (Folhapress/AG)