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Passou muito dos limites

A Câmara dos Deputados. (Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados)

Os governos federal e estaduais fizeram, no começo deste ano, previsões em bolas de cristal que não funcionaram. Consideravam-se acima do bem e do mal. A maioria dos índices, porém, caiu e não adianta tapar o sol com a peneira. Detentores de mandatos usaram a máquina e o poder para fazer negócios de acordo com seus interesses. Como nos últimos anos, a empáfia, que sustentava gestões em latitudes olímpicas, veio abaixo. Os eleitores passaram do riso à seriedade da revolta frente ao poder público corrompido e sem vergonha de suas falcatruas.

DE PUXAR OS CABELOS 

Toda a vez em que ocorre votação com transmissão ao vivo no plenário da Câmara dos Deputados, a população tem motivos para criticar. Revela-se a imagem caricata e novelesca de muitos deputados federais, tão bem interpretada na TV por Paulo Gracindo no papel de Odorico Paraguaçu, da novela O Bem Amado.

NÃO FAZEM AUTO-ANÁLISE   

A observação ácida do jornal Clarín, de Buenos Aires: “O Brasil é hoje um espelho no qual a Argentina não quer se olhar. Para uma parte dos políticos, isso se deve ao desabamento moral no calor da corrupção, e para outra parte, aos sérios problemas gerados por muitos anos de estagnação e queda da atividade.” Mesmo nos momentos de intensa crise dos períodos Menem e Kirchner, a imprensa brasileira não foi tão atrevida com os vizinhos.

DEMOROU

“Será difícil comprovar quem está financiando as campanhas mais caras dos candidatos às prefeituras. A legislação falha e a inexistência de um sistema de controle eficiente deverão facilitar, mais uma vez, o uso de caixa 2, como prevê a Procuradoria da Justiça Eleitoral.” Esta notícia foi publicada por jornais a 26 de agosto de 1996. Foram necessários 20 anos para que a legislação mudasse, impedindo doações de empresas privadas, canal usado para abastecer campanhas milionárias.

DINHEIRO CURTO

Tesoureiros de partidos sonham com o que não acontecerá: ouvir o som das caixas registradoras de dinheiro. Dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal, seis rejeitam a volta das doações de empresas em campanhas eleitorais.

IRRESPONSÁVEIS

Há governantes muito parecidos com barbante: gastam em excesso porque gostam de aperto.

VAI MUDAR 

Não faltarão candidatos que voltarão a aplicar o princípio: o orçamento público representa a metade do que será gasto. Com a crise, virá o desmascaramento. Parcela crescente dos eleitores exigirá que o tema austeridade não fique fora dos debates em 2018.

A PRÓXIMA REVOLUÇÃO

Primeiro foram os taxistas que reclamaram da entrada dos aplicativos Uber e Cabify no mercado. Em breve, todos vão se rebelar contra os veículos sem motoristas que começam a circular em Singapura. São carros elétricos, solicitados por smartphone à empresa fundada por dois engenheiros especialistas em robótica, que conduzem passageiros. Dando certo, vão se espalhar pelo mundo.

EM BENEFÍCIO PRÓPRIO

Muito governos costumam dizer que vivem de pão e água. Quando falta pão para necessidades dos altos escalões, dão um jeito de arranjar croissants.

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