Sábado, 14 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 15 de janeiro de 2016
De cabelos molhados, sem maquiagem, e com Godot, cachorro da raça whippet acomodado no colo, Patricia Pillar diz sentir-se “mais soltinha”. A atriz completou 52 anos no último dia 11, e conta ter conquistado agora “a cara de pau necessária para comemorar o próprio dia”, que antes não significava muito para ela. É essa Patricia que foi vista pelo público na primeira grande aposta da Globo para a programação de 2016, a minissérie “Ligações Perigosas”. A produção contou com a atriz no papel da sedutora, amoral e manipuladora Isabel D’Ávila de Alencar.
“A personagem tem um desejo de se sobrepor aos homens, de testá-los, e ganhar. Usa a sedução e sua própria figura de pessoa ilibada para manipular e colocar as pessoas no limite de suas fraquezas. E tem prazer nisso”, conta.
A personagem é a mesma vivida por Glenn Close no cinema, em 1988, em uma das mais conhecidas versões, com direção de Stephen Frears, do clássico francês “Les liaisons dangereuses”, publicado em 1782 por Choderlos de Laclos.
Adaptada pela autora Manuela Dias, a história, em dez capítulos, mostrou o jogo de sedução e poder entre Isabel e seu ex-amante Augusto de Valmont (Selton Mello, no papel que foi de John Malkovich).
Cenas picantes.
A versão para a TV tem suas doses de sensualidade. Mas nada tão explícito quanto “Amores Roubados” (2014) e “Felizes para Sempre?” (2015), produções exibidas pela Globo também em janeiro. Em “Ligações perigosas”, o sexo foi mostrado de forma mais velada.
A atriz, que protagonizou momentos picantes ao lado de Cauã Reymond em “Amores Roubados”, defende que na maioria das vezes o nu não é necessário para se contar uma história. “Mas não vejo problema quando é preciso”, acrescenta. “O nu não tem uma questão em si. O que interessa é se é pertinente, se a história pede ou se isso atrapalha. Quando banalizado, é feio. Eu questiono muito”.
Considerada uma das mulheres mais bonitas do país, ela jura não se preocupar com a passagem do tempo. “Essa é uma gerra perdida. Basear-se na aparência física é a receita para a infelicidade. É preciso ter outros valores para encarar essas dificuldades. É cruel mesmo. A TV te coloca muito próxima das pessoas, na casa delas. Essa proximidade te deixa muito acessível. Mas eu me sinto mais confortável assumindo minhas transformações, o que a idade traz”, diz ela, que faz análise há mais de 20 anos.
A atriz jura que detesta chamar a atenção ao chegar em um lugar. Mas reconhece que sua timidez pode ir embora após dez minutos. Apesar de reservada – ela já disse que se casa e separa sem que ninguém fique sabendo e, diante da curiosidade do repórter sobre sua vida amorosa, mantém a resposta anterior –, afirma que se expõe de verdade no trabalho: “É doloroso se colocar totalmente à disposição para estar no lugar de uma outra pessoa. A gente empresta o próprio corpo para isso, tudo o que já viu e viveu. Tudo o que sou está ali. É mesmo muita exposição. Mas se não for assim não tem a menor graça”.
O outro lado da exposição, porém, como ser flagrada por paparazzi na rua, é algo que incomoda. “É de um ridículo total, não sei qual o interesse nisso. Às vezes me irrito, é muito desrespeitoso em certas horas. É um furto a pessoa tirar uma foto fingindo que não está tirando. É falta de educação, de limite. Não concordo que as pessoas têm esse direito só porque faço um trabalho para o público”. (Zean Bravo/AG)