Sexta-feira, 09 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 31 de março de 2019
O escritor Paulo Coelho, autor de livros como “O Alquimista” e “Hippie”, afirmou ter sido torturado durante a ditadura militar em um relato publicado no jornal americano The Washington Post. O texto foi escrito em alusão à orientação do presidente Jair Bolsonaro para que quartéis celebrem o golpe de março de 1964. A ordem foi distribuída pelo Ministério da Defesa.
Paulo teve seu apartamento invadido por agentes militares e depois foi preso e torturado. No relato conta que, após ter sido levado ao prédio do Dops (Departamento de Ordem Política e Social), estava a caminho da casa de seus pais quando seu trajeto foi interrompido por dois carros. Retirado a força do automóvel por homens armados, foi obrigado a vestir um capuz e, levado para um lugar que não soube identificar. Lá passou por sessões de tortura.
“O carro para. Sou retirado e espancado enquanto ando por aquilo que parece ser um corredor. Grito, mas sei que ninguém está ouvindo, porque eles também estão gritando. Terrorista, dizem. Merece morrer. Está lutando contra seu país. Vai morrer devagar, mas antes vai sofrer muito. Paradoxalmente, meu instinto de sobrevivência começa a retornar aos poucos.” descreve Paulo.
Após dias sem saber onde estava e nem o motivo pelo qual havia sido preso, é liberado pelos mesmos homens que o torturaram em uma praça qualquer. O escritor encerra seu relato com duras críticas ao presidente Jair Bolsonaro e protesta contra a ordem de celebração. “E são essas décadas de chumbo que o presidente Jair Bolsonaro — depois de mencionar no Congresso um dos piores torturadores como seu ídolo — quer festejar nesse dia 31 de março.”