Terça-feira, 06 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 26 de maio de 2017
Paulo Maluf está com 85 anos, mais de 40 na vida pública, e sempre teve a seu serviço uma bancada de advogados dedicados a empurrar com a barriga na Justiça os muitos processos penais em que foi ou ainda é réu.
Até agora, vinha conseguindo se beneficiar, como deputado federal, do foro privilegiado e da proverbial morosidade da Justiça brasileira. Mas, na terça-feira passada, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal condenou-o, por unanimidade, pelo crime de lavagem de dinheiro, a 7 anos, 9 meses e 10 dias de prisão, em regime fechado, além da perda do mandato. Foi considerado culpado de ter movimentado US$ 15 milhões, entre 1998 e 2006, em paraísos fiscais.
Como governador biônico – 1979 a 1982, quando renunciou para se candidatar a deputado federal pela primeira vez –, Maluf se envolveu em negociatas com a empreiteira CBPO, posteriormente comprada pela Odebrecht, segundo delação feita recentemente à Operação Lava-Jato pelo ex-presidente da empreiteira Pedro Novis.
Segundo Novis, logo depois de adquirir a CBPO a direção da Odebrecht descobriu que “havia uma estrutura já montada para atender a demandas de campanha e das obras relativas a caixa 2”. Explicou: “De 80 a 82, nós já encontramos uma relação de Paulo Maluf com a CBPO”.
Entendendo que havia falta de provas e a impossibilidade de produzi-las mais de 30 anos depois, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, mandou arquivar a ação.
Mas no dia 9 de maio, a Primeira Turma do STF iniciou o julgamento de uma das quatro ações que ali tramitam, na qual ele era réu acusado de lavar “quantias vultosas” desviadas de obras públicas. Na retomada do julgamento, o ministro Edson Fachin, liquidou a pretensão de Maluf de se beneficiar de mais uma prescrição ao sustentar que o crime de lavagem de dinheiro não prescreve.
Para que Maluf comece a cumprir pena e tenha o mandato cassado será necessário esperar a publicação do acórdão do julgamento no Diário de Justiça Eletrônico, no prazo de até 60 dias. (AE)