A terceira edição do Universo Pecuária – Futuro, Negócios e Sustentabilidade foi aberta oficialmente em Lavras do Sul (RS) com um alerta claro: a pecuária brasileira pode e deve ser protagonista no enfrentamento das mudanças climáticas. O evento, que reuniu lideranças do setor, pesquisadores e representantes de entidades públicas e privadas, reforçou que é possível conciliar produtividade, conservação ambiental e desenvolvimento econômico.
Durante o Fórum de Pecuária Sustentável e Mudança Climática, o presidente eleito da Farsul, Domingos Velho Lopes, destacou que o Brasil vive um momento estratégico para mostrar ao mundo sua capacidade de produzir com responsabilidade ambiental. “Estamos consolidando o papel do país como referência em técnicas sustentáveis. O mundo discute segurança alimentar, e temos a oportunidade de mostrar que a pecuária é parte da solução”, afirmou.
Segundo ele, o setor adota práticas alinhadas a protocolos internacionais, como os da FAO e da ONU, mas ainda carece de comunicação eficaz. “Precisamos divulgar o que acontece dentro das porteiras. São ações concretas, mas pouco conhecidas”, disse. Velho Lopes também projetou que, nos próximos dez anos, um terço da produção de grãos do Brasil será destinada à geração de energia, com o país se consolidando como exportador de etanol — o que abre novas oportunidades para a agropecuária.
O dirigente ressaltou ainda que o Rio Grande do Sul já reduziu em quase 27% suas emissões de gases de efeito estufa, com o agronegócio liderando esse avanço. O plano estadual de agricultura de baixo carbono inclui práticas como recuperação de pastagens degradadas, plantio direto, sistemas integrados, florestas plantadas, uso de bioinsumos, irrigação eficiente e tratamento de dejetos animais. “O Estado também é pioneiro em políticas de pagamento por serviços ambientais, o que valoriza o produtor que preserva”, completou.
Na sequência, o consultor em agronegócios e diretor-geral do evento, Davi Teixeira, apresentou a palestra “A pecuária como solução para as crises agrícola e climática do Rio Grande do Sul”. Ele destacou que apenas 30% do território brasileiro é ocupado por atividades agropecuárias, enquanto o restante permanece como vegetação nativa ou áreas protegidas. “A pecuária é uma das atividades que mais contribui para a conservação ambiental e da biodiversidade”, afirmou.
Teixeira defendeu a criação de um programa estadual de desenvolvimento da pecuária de corte, com políticas públicas voltadas à segurança jurídica, crédito específico e incentivo à inovação. “Precisamos de ações integradas para qualificar todos os elos da cadeia produtiva e garantir competitividade com sustentabilidade”, disse.
O fórum também contou com a participação de Ana Doralina Menezes, presidente da Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável; Márcio Amaral, diretor da Secretaria da Agricultura do RS; e Daniele Furian Araldi, professora da Universidade de Cruz Alta. O painel reforçou a importância de dados atualizados, pesquisa aplicada e políticas públicas que contemplem todos os perfis de produtores. “É fundamental incluir os pequenos produtores nas soluções e garantir que todos tenham acesso às tecnologias sustentáveis”, destacou Ana Doralina.
O Universo Pecuária é promovido pelo Sindicato Rural de Lavras do Sul, com correalização de Cotrisul, Farsul, Senar, Sebrae e Prefeitura Municipal de Lavras do Sul. O projeto é executado pela SIA e conta com patrocínio de CEEE Equatorial, Banrisul, Sicredi, BRDE, Badesul e do Núcleo de Produtores de Terneiros de Corte de Lavras do Sul.
