Domingo, 05 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 26 de agosto de 2015
A jornalista Melanie Reid ficou paralisada em um acidente de cavalo. A autora da coluna Spinal Column do jornal britânico The Times reside no interior da Escócia. Apesar de o acidente a ter deixado com movimento mínimos nos braços e nas pernas, a casa permanece sem as alterações que costumam ser consideradas úteis para deficientes: não há bancadas baixas na cozinha ou tomadas adaptadas.
Ela pensa que fazer essas mudanças significaria que ela aceitou sua deficiência, ser tetraplégica – e ela continua lutando para superá-la. Há cinco anos, Melanie era uma jornalista de sucesso, com um marido carinhoso e um filho que estava indo bem na vida, dona de uma casa no campo, com uma bela vista e estábulos para os seus amados cavalos.
Porém, tudo mudou de repente. Galopando em direção a um obstáculo, seu animal empacou. Ela foi jogada para o alto, caindo sobre o obstáculo.
Frustração
Quem viu o acidente diz que a queda parecia inofensivo e em câmera lenta. Ela não perdeu consciência e diz que experimentou sensações inacreditáveis no momento. Mas a jornalista quase um ano no hospital, trabalhando com determinação para ganhar o máximo de movimentos possíveis.
E foi durante uma ressonância magnética que teve a ideia para a nova coluna em seu jornal. “Preciso contar para as pessoas sobre isso”, projetou. Escrever sobre a sua deficiência, frustrações e batalhas para fazer atividades diárias virou uma forma de terapia. Ela diz que também foi uma forma de recuperar parte de seu poder, até porque ela precisava pagar as contas – Melanie sempre foi a chefe de sua família.
Indignação
Em seus textos, ela declara publicamente que não consegue aceitar suas limitações físicas e, assim, irrita e causa indignação entre alguns de seus leitores. Ela lamenta “estar presa à deficiência”. Por essa razão, ela contou em sua coluna que disse ao marido para ele procurar outra. E também pediu que seu filho se afastasse – hoje ele mora na Nova Zelândia.
Depois do acidente, a jornalista reconheceu que não poderia mais resolver todos os problemas da família. E diz que o marido, Dave, que era uma pessoa alegre, teve de assumir o papel dela. Foi uma grande mudança.
Comprometimento
Então, Melanie deu a Dave a chance de desfazer o casamento. Ela o incentivou a ficar com outra mulher, alguém que pudesse fazer sexo com ele, alguém para conversar e ser feliz, alguém que não fosse apenas “um pedaço de carne”. E ouviu dele uma resposta dura: “Não seja idiota. Não vou a lugar nenhum”.
Apesar do comprometimento do marido, Melanie acha difícil falar sobre qualquer coisa positiva que tenha decorrido do acidente. Para ela, continuar sendo a mulher teimosa em sua casa não adaptada é, no momento, muito importante. Entretanto, ela não descarta mudanças no futuro, talvez quando tiver selado a paz com sua própria deficiência.