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Brasil Se pudessem, 72% dos moradores do Rio de Janeiro iriam embora da cidade por causa da violência

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Operação no Morro dos Macacos, em Vila Isabel, zona norte do Rio. (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

A sensação de medo e as mudanças de comportamento por causa da atual onda de violência na cidade aparecem em pesquisa Datafolha feita nesta semana. Se pudessem, 72% dos moradores dizem que iriam embora do Rio por causa da violência. O desejo de deixar a cidade é majoritária em todas as regiões e faixas socioeconômicas – foram ouvidas 812 pessoas, e a margem de erro do levantamento é de quatro pontos percentuais, para mais ou para menos.

O levantamento, nesta terça (3) e quarta (4), foi realizado dez dias após um intenso conflito de facções na favela da Rocinha, que fechou vias, levou pânico a moradores da cidade e provocou um cerco das Forças Armadas por uma semana à comunidade.

O drama daquele dia é um exemplo de como a população local está contaminada diante da violência. Nas últimas semanas, segundo o Datafolha, um terço dos moradores mudou sua rotina e presenciou algum disparo de arma de fogo. O levantamento revela que 67% das pessoas ouviram algum tiro recentemente.

Nesta sexta (6), na Rocinha, uma adolescente de 16 anos foi atingida por uma bala perdida. Ele estava dentro de casa –o estado de saúde dela é estável. No mesmo tiroteio, dois homens morreram em confronto com a polícia.

Crise financeira

O Rio enfrenta uma grave crise financeira, com cortes de serviços e atrasos de salários de servidores, e está perto de um colapso na segurança pública. Para 74% dos entrevistados, o desempenho do governo Luiz Fernando Pezão (PMDB) na área de segurança tem sido ruim ou péssimo – 21% o consideram regular e 5%, ótimo ou bom. Essa sensação está nas ruas: 90% se dizem inseguros ao caminhar à noite pela cidade.

Um outro efeito dessa crise tem sido o aumento dos índices de criminalidade e a redução do número de policiais em favelas ocupadas por facções criminosas. As UPPs, base policiais em comunidades controladas pelo tráfico, perderam não apenas seu efetivo, mas a confiança dos moradores. Para a maioria, elas não melhoraram a segurança da cidade (62%), das comunidades com UPPs (57%) nem os seus entornos (56%). Para 70% dos moradores, esse modelo precisa de mudanças.

Nos últimos meses, têm sido rotina mortos e feridos por bala perdida, além de motoristas obrigados a descer de seus carros para se proteger dos tiros –24% dos moradores dizem ter tido algum amigo ou parente vítima de arma de fogo nas últimas semanas.

A produtora cultural Georgiane Abreu, 37, mora no Complexo da Maré e diz que os tiroteios são constantes no conjunto de favelas na zona norte. “Acho que está igual, isso de ter tiroteio e a pessoa não poder sair de casa faz parte da rotina.” Na semana passada, ela saía para trabalhar e, no caminho, deixaria a filha numa escola da comunidade.

“Mas já no portão do meu prédio voltei, porque vi o caveirão [blindado da polícia]. Entrei em casa e os tiros começaram. E ficou um tiroteio pesado por quatro horas.”

Policiais

Outro braço dessa crise é a morte de policiais. Só neste ano já foram mais de cem PMs assassinados no Estado. A situação de insegurança também levou o presidente Michel Temer (PMDB) autorizar o uso das Forças Armadas para fazer a segurança pública do Rio até o final do ano que vem.

Segundo o Datafolha, 83% dos moradores do Rio são favoráveis à atuação dos militares no combate à violência local, e 15% são contrários. Sobre a eficácia, 52% dizem que a presença do Exército não mudou em nada a realidade local –44% afirmam que melhorou, e 2%, que piorou.

A sensação de desconfiança dos cariocas também pesa contra os policiais militares. O morador tem mais medo (67%) do que confia (31%) neles. Questionados sobre a Polícia Civil e o Bope, a tendência se inverte e a confiança se torna maior que o medo.

O Datafolha também quis saber de quem os moradores do Rio têm mais medo. Entre as opções no questionário, 49% disseram bandidos, 23% polícia e outros 23% ambos na mesma proporção. Só 2% responderam não ter medo de nenhum deles. O temor da polícia cresce a 28% entre os mais pobres (até dois salários mínimos de renda familiar mensal) e os mais jovens (16 a 24 anos).

Usuários

Mais da metade dos moradores do Rio acredita que os usuários de droga são mais responsáveis pela violência na cidade do que os traficantes.

São 53% os que concordam total ou parcialmente com essa afirmação, contra 44% que discordam (2% não concordam nem discordam).

Esse pensamento tem maior aderência entre os maiores de 60 anos de idade (59%) e os mais ricos (64%) –com renda familiar mensal maior que dez salários mínimos. Ele é também mais comum entre os brancos (58%).

Os mais jovens, de 16 a 24 anos, são os que mais rejeitam essa ideia. Entre eles, o índice de concordância cai para 35%.

tags: segurança

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