Quarta-feira, 01 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 7 de julho de 2022
Apesar de as inserções comerciais dos partidos políticos nas TV e rádio sempre terminarem com o clássico convite “filie-se!”, a imensa maioria dos brasileiros está distante das siglas. De acordo com novos números da pesquisa “A cara da democracia”, 92% dos entrevistados não participam de legendas políticas. Outros 8% afirmam ter envolvimento, números que se mantiveram estáveis na comparação com a mesma pergunta feita na pesquisa do ano passado.
Por outro lado, mesmo ainda com números baixos, os movimentos sociais registram um pouco mais de adesão dos brasileiros: 14% respondem fazer parte de algum, ante 86%. Já em relação a sindicatos, os números são muito parecidos com os de partidos: 9% integram alguma organização contra 91% sem ligação declarada com organizações sindicais. Coletivos e grupos temáticos, que passaram a ser mais comuns na última década, também têm baixa adesão no total da pesquisa: 93% não participam, enquanto 6% respondem afirmativamente.
Se partidos, movimentos sociais, coletivos e sindicatos não animam grandes parcelas da população, igrejas e organizações religiosas têm proporções totalmente diferentes: 44% dos brasileiros dizem participar de alguma dessas organizações, enquanto 56% mantêm distância de templos, seja de que religião for.
A pesquisa “A cara da democracia” foi feita pelo Instituto da Democracia (INCT/IDDC), com 2.538 entrevistas presenciais em 201 cidades, em todas as regiões do país. A margem de erro total é de 1,9 ponto percentual, e o índice de confiança é de 95%. INCT/IDDC, com as universidades UFMG, Unicamp, UnB e Uerj/CNPq/Fapemig.
Privatizações
Ainda segundo a pesquisa anual “A cara da democracia”, a privatização não tem o aval de 49% dos entrevistados, ante 38% de favoráveis. O cenário desfavorável às privatizações no setor público se mostra relativamente consolidado – apenas 4% dos entrevistados responderam “depende” à questão, e 8% disseram não saber.
Recortes da pesquisa por segmentos sociais mostram que o discurso privatista não consegue apoio em camadas populares. Dentre os que têm renda mensal familiar de até dois salários mínimos, 36% são a favor, e 48%, contra. A única faixa de renda que se mostrou ligeiramente mais favorável é a que recebe acima de cinco salários mínimos: 47%, número quase na margem de erro – 44% neste estrato são contrários. Já a única região do país que demonstrou apoio às privatizações foi o Sul: 46% a 40%. No Nordeste, a distância é de quase 20 pontos percentuais: somente 35% são a favor, enquanto 54% são contra.
Entre homens, o cenário é de igualdade: 46% favoráveis e contrários. Por outro lado, a distância de prós e de contras entre as mulheres, que são maioria no país, é grande: 50% rejeitam as privatizações, contra 33% que aprovam. E, em questão etária, a distância entre os desfavoráveis e os favoráveis só encurta com o passar da idade, empatando entre os maiores de 60 anos (41% para ambos). Por outro lado, os jovens de 18 a 24 são os que menos apoiam privatizações: 36% são a favor, enquanto 51% se dizem contrários. As informações são do jornal O Globo.