Quarta-feira, 30 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 19 de agosto de 2019
Uma pesquisa realizada pela Médica Veterinária Gisele Kronhardt Scheffer identificou o perfil do agente agressor e abandonador de animais no Rio Grande do Sul. Além disso, também foram apontadas as principais motivações e características dos crimes praticados. A partir dos dados, foi possível constatar que a maior parte dos entrevistados — entre médicos veterinários, protetores de animais e Ongs — detectou homens de 20 a 40 anos como o perfil mais propício a agredir e abandonar animais no Estado.
Em relação ao abandono, o estudo — que envolveu 380 questionários preenchidos — aponta que os cães são os animais que mais sofrem: eles contabilizam 88% dos atendimentos de médicos veterinários, enquanto menos de 7% são a gatos e outras espécies. Os principais motivos para o abandono são velhice, doença e ferimento do animal. Outras causas envolvem gravidez do animal, comportamento indesejado, deficiência, compra por impulso ou, até mesmo, a perda de interesse por ter um bichinho de estimação.
Animais domésticos
Na coleta de dados sobre os maus-tratos, — que envolveu 280 questionários preenchidos apenas por médicos veterinários — foi observado que a maioria dos atendimento são a animais domiciliados (56,3%), ou seja, a violência ocorre por parte de tutores possivelmente agressores ou negligentes. Casos oriundos de rua compõem 37,7%.
Tipos de violência
Também foi possível perceber no estudo o tipo de agressão mais praticado por gênero. Os questionários apontaram reconhecer 75% dos perfis como gênero masculino e 25% como feminino.
Violências comuns entre os homens:
espancamento (63,3%);
privação de atendimento veterinário (62,8%);
acumulação de animais (49,3%)
Violências comuns entre as mulheres:
acumulação de animais (64,2%);
privação de atendimento veterinário (61,9%);
privação de água e alimento (41,0%).
Motivações
A maior motivação observada foi“negligência ou ignorância em relação ao bem-estar do animal” (69,6%). Porém, foram indicadas, ainda, motivações como “o animal foi desobediente” (28%); “o animal mordeu ou ameaçou o autor ou um familiar” (20,1%); “o animal pertencia a um desafeto do autor” (19,1%); “surto de embriaguez/drogadição do autor” (16,2%); “briga em família, com agressão a pessoas e ao animal” (13,7%); dentre outras.
Jornada do Direito Animal
Como defensora da causa animal e pesquisadora dos Direitos dos Animais com enfoque na Criminologia, em seu estudo, Gisele Kronhardt Scheffer buscou trazer dados para reflexão entre o grupo social, assim como fomento de discussão sobre a temática no meio acadêmico. Com o propósito de incentivar a discussão acadêmica sobre o tema, Gisele criou a Jornada do Direito Animal. O evento está na sua segunda edição e ocorre nesta semana, até a sexta-feira (23), na Faculdade Estácio/RS, com entrada franca para as palestras.
Atualmente, Gisele está conduzindo um estudo nacional sobre o tema. Médicos veterinários de todo o Brasil podem responder a pesquisa através do site https://bit.ly/2Z9SLIm. Já ONGs e protetores podem acessar o questionário pelo site https://bit.ly/2Mjo15S.