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Por Redação O Sul | 11 de outubro de 2020
O coronavírus tem sido um verdadeiro enigma para a medicina, com direito a novas descobertas a cada dia. Por meio de um estudo publicado na última quinta-feira (8) na revista científica JAMA Ophthalmology, pesquisadores descobriram que o SARS-CoV-2 pode infectar outros tecidos além do sistema respiratório. Acontece que o antígeno da proteína N (nucleocapsídeo) do Sars-Cov-2 foi encontrado intracelularmente nos tecidos oculares de uma paciente que foi diagnosticada com a doença.
Ainda não estava claro se o coronavírus também pode infectar tecidos além do sistema respiratório, como os tecidos oculares, o que motivou a pesquisa. Nesse estudo de caso, os antígenos da proteína do coronavírus foram detectados nas células da conjuntiva (membrana mucosa que reveste a parte posterior da pálpebra e se prolonga para recobrir a parte branca do olho), íris e malha trabecular de uma paciente infectada. Ou seja: começam a aparecer os primeiros indícios de que o Sars-Cov-2 infecta outros tecidos.
A mulher teve um ataque agudo de glaucoma durante sua reabilitação, e por isso foi levada à análise de tecidos oculares. Amostras de plasma e espécimes de tecido, incluindo amostras da conjuntiva, capsular anterior do cristalino, malha trabecular e íris, foram coletadas. Enquanto isso, amostras de outro paciente (um homem de 61 anos) — que tinha glaucoma, mas não coronavírus — foram usadas para comparação.
Sendo assim, esse antígeno viral detectado no olho da paciente dois meses após a infecção deve levar a investigações futuras, que podem determinar se o antígeno que permanece no olho ao longo do tempo provoca danos a estrutura ou função ocular e se ainda é infeccioso.
Sobrevivência do vírus
Pesquisadores descobriram que o SARS-Cov-2 sobrevive por mais tempo do que se pensava –mas apenas sob determinadas condições O vírus responsável pela covid-19 pode permanecer infeccioso em superfícies como notas de dinheiro, telas de celulares e aço inoxidável por até 28 dias, dizem pesquisadores. A descoberta da agência científica nacional da Austrália sugerem que o SARS-Cov-2 pode sobreviver em superfícies por muito mais tempo do que se pensava.
No entanto, alguns especialistas duvidam da real ameaça representada pela transmissão por superfícies. O vírus é mais comumente transmitido quando as pessoas tossem, espirram ou falam. Estudos anteriores feitos em laboratórios descobriram que o SARS-Cov-2 poderia sobreviver de dois a três dias em cédulas e vidro, e até seis dias em superfícies de plástico e aço inoxidável, embora os resultados variem.
A última pesquisa da agência australiana CSIRO revelou que o vírus era “extremamente robusto”, sobrevivendo por 28 dias em superfícies lisas, como vidro usado para fabricar telas de telefones celulares, além de notas de papel e plástico, quando mantidos a 20° C —considerada temperatura ambiente. Em comparação, o vírus da gripe pode sobreviver nas mesmas circunstâncias por 17 dias. Os experimentos foram realizados no escuro, já que a luz ultravioleta já demonstrou matar o vírus.
“Estabelecer por quanto tempo o vírus realmente permanece nas superfícies nos permite prever e mitigar sua disseminação com mais precisão, e fazer um trabalho melhor de proteger o nosso povo”, disse o presidente-executivo da CSIRO, Larry Marshall.
No entanto, o professor Ron Eccles, ex-diretor do Common Cold Centre, da Cardiff University, criticou o estudo e disse que a sugestão de que o vírus poderia sobreviver por 28 dias estava causando um “medo desnecessário nas pessoas”. “Os vírus se espalham nas superfícies a partir do muco de tosses, espirros e dedos sujos. E este estudo não usou muco humano fresco como veículo para espalhar o vírus”, disse o professor Eccles.