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Por Redação O Sul | 10 de fevereiro de 2019
A lista de pretendentes à vaga do Partido Democrata para a eleição presidencial de 2020 nos Estados Unidos é longa e movida pelo objetivo central de retirar o presidente Donald Trump da Casa Branca. Pesquisas recentes mostraram que, para grande parte dos eleitores do partido, derrotar Trump é muito mais importante do que eleger alguém com quem eles se identifiquem ideologicamente.
Até a última sexta-feira, ao menos 23 nomes já tinham declarado oficialmente a intenção de concorrer ou eram cogitados por analistas políticos. E, de acordo com o site especializado FiveThirtyEight, esse número tem crescido a cada semana. A corrida começa oficialmente em janeiro do ano que vem e o pleito em novembro.
Analista e professora de ciências políticas da Iona College de Nova York, Jeanne Zaino explica que ainda não está claro se os grandes nomes do partido, como o ex-vice-presidente Joe Biden, ou o senador Bernie Sanders realmente concorrerão, mas ambos são fortemente cotados.
“O que está claro até agora é que os democratas estão unidos por sua oposição a Trump e à procura de um candidato que possa realmente derrotá-lo”, frisou Jeanne. Aliás, nem o próprio titular atual do cargo sinalizou formalmente, até agora, se disputará a reeleição.
A disputa mostra um partido em compasso com sua base. Segundo uma pesquisa da rede “ABC News” e do jornal “The Washington Post”, para 43% dos eleitores democratas é muito mais importante escolher alguém com chances reais de derrotar Trump do que ter um presidente que compartilhe seus ideais.
Já em uma sondagem diferente, da Monmouth University, esse número é ainda maior: 56% dos entrevistados disseram que ter um candidato forte contra o presidente é o mais importante, mesmo que não concorde com suas propostas de governo.
Na opinião da analista, porém, os candidatos precisarão equilibrar esse objetivo com uma visão positiva sobre o futuro do país. “Fazer campanha contra Trump não será suficiente”, afirma.
Nomes
Até agora, de acordo com Jeanne, a senadora pelo Estado da Califórnia Kamala Harris teve o melhor e mais forte lançamento de campanha, além de arrecadar muito dinheiro: US$ 1,5 milhão apenas nas primeiras 24 horas após o anúncio.
Uma pesquisa da Quinnipiac University, divulgada na semana passada, mostrou que o entusiasmo por seu nome (58%) quase alcançou o de Joe Biden (60%), com entrevistados dizendo que ficariam felizes se, no fim das primárias, os dois saíssem vitoriosos.
O ex-vice de Obama lidera as pesquisas de intenção de voto entre os democratas, principalmente entre aqueles que consideram derrotar Trump o mais importante. Ele tem uma ampla vantagem, especialmente entre brancos sem formação universitária, um eleitorado para o qual Trump teve grande apelo. O problema com relação a seu nome, segundo Jeanne, é sua candidatura soar como uma “volta ao passado”, algo que prejudicou Hillary Clinton em 2016.
“Ele certamente quer entrar na corrida de novo e é uma figura amada no partido, mas ele vem com um grande número de fraquezas que os democratas precisam reconhecer”, afirma a analista, avaliando que ele não é um representante da “nova geração” dos democratas.
Esse é um dos problemas que a oposição precisará equalizar. Ir demais para a esquerda, onde se concentra essa “nova energia”, poderia empurrar eleitores para Trump.
O ex-executivo da empresa Starbucks Howard Schultz, velho integrante do Partido Democrata, joga com esse medo. Recentemente, afirmou que, se a legenda se inclinar demais para a esquerda nas primárias, ele considera a hipótese de sair para a disputa como candidato independente, o que poderia dividir os democratas e favorecer Trump: além de historicamente não chegarem à Casa Branca, independentes são capazes de bagunçar a disputa eleitoral.