Segunda-feira, 29 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 11 de dezembro de 2017
A Petrobras quer que a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) seja condenada a devolver, com seu marido, o ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo, o valor de R$ 1 milhão aos cofres da empresa. O empresário Ernesto Klueger também é alvo da cobrança.
O pedido foi encaminhado ao ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), na ação penal em que a senadora foi denunciada por corrupção e lavagem de dinheiro.
Nas alegações finais sobre o caso, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu que os três réus, além de condenados, fossem obrigados a pagar R$ 4 milhões em indenização aos cofres públicos, quatro vezes mais do que o R$ 1 milhão que teriam sido desviados da Petrobras para irrigar a campanha de Gleisi ao Senado em 2010.
Segundo a denúncia apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da República), Paulo Bernardo teria solicitado a quantia ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que teria providenciado o pagamento por meio do doleiro Alberto Yousseff.
Na condição de auxiliar de acusação, a Petrobras pediu que, a partir dessa indenização, seja ressarcida em, ao menos, R$ 1 milhão, valor “inequivocamente, desviado dos cofres da requerente [Petrobras], através de estratagemas acuradamente analisados e reconhecidos pela acusação em suas considerações finais”.
No requerimento, a Petrobras volta a afirmar ter sido a maior vítima dos esquemas de corrupção revelado pela Operação Lava-Jato desde 2014.
A senadora Gleisi Hoffmann e o ex-ministro Paulo Bernardo sempre negaram qualquer irregularidade.
“A requerida [senadora] jamais praticou qualquer ato que pudesse ser caracterizado como ato ilícito, especialmente no bojo do pleito eleitoral ao Senado Federal no ano de 2010, na medida em que todas as suas contas de campanha foram declaradas e integralmente aprovadas pela Justiça Eleitoral”, afirmou a defesa de Gleisi Hoffmann no curso da ação penal.
Prejuízo
Em artigo divulgado nesta segunda-feira (11), Gleisi Hoffmann afirmou que a Lava-Jato prejudicou a Petrobras, que apenas em 2015 teria acumulado prejuízos na ordem de R$ 140 bilhões.
“O Ministério Público Federal comemorou esses dias, em cerimônia pública, a devolução de R$ 654 milhões à Petrobras, fruto de acordos de colaboração e de leniência, como os firmados com a Odebrecht e a Andrade Gutierrez, na Operação Lava-Jato. Quando sabemos que os prejuízos causados pela Lava-Jato à mesma estatal, apenas no ano de 2015, por paralisação de obras e serviços, de acordo com a Consultoria GO Associados, foi de R$ 140 bilhões, essa comemoração do MP fica desmoralizada”, diz um trecho do artigo.
Em outro trecho, a senadora questiona o bem que a Lava-Jato faz ao País:
“Só que os prejuízos da Lava-Jato não param por aí, atingem a economia do País como um todo. Os danos só tributários passam de bilhões de reais com a MP 795, que, por conta do desmonte da Petrobras e o consequente enfraquecimento do seu papel na exploração do pré-sal, vem desonerar as petroleiras para extrair petróleo e gás natural do pré-sal brasileiro. Em meio a uma crise que serve de justificativa para o governo de Michel Temer retirar direitos trabalhistas do povo e acabar com o direito de se aposentar pelo regime geral da Previdência Social, é insano abrir mão desse recurso. Responda você: a Lava-Jato está fazendo bem ao País?”.