Por Redação O Sul | 30 de abril de 2025
Os custos das tarifas são pagos pelas empresas que importam produtos europeus.
Foto: ReproduçãoA economia da Europa teve um crescimento mais forte nos primeiros três meses do ano, mas as esperanças de uma recuperação contínua foram rapidamente destruídas pela guerra comercial do presidente dos EUA, Donald Trump.
O Produto Interno Bruto (PIB) nos 20 países da zona do euro cresceu 0,4% no primeiro trimestre, superando o crescimento de 0,2% do final de 2024, segundo os números oficiais divulgados nesta quarta-feira, 30, pela agência de estatísticas da União Europeia, Eurostat.
Porém, em 2 de abril, apenas dois dias após o final do trimestre, Trump anunciou uma investida de novas tarifas sobre quase todos os parceiros comerciais dos EUA e atingiu os produtos importados da UE com uma taxa de 20%.
Isso levou a um rebaixamento generalizado das perspectivas de crescimento da Europa para o ano, uma vez que sua economia depende muito das exportações e os EUA são seu maior destino individual de exportação.
Embora Trump tenha anunciado uma pausa de 90 dias no que ele chama de tarifas “recíprocas” – assim denominadas porque se baseiam na forma como ele acha que outros países estão tratando os EUA – as perspectivas de que a UE possa fazer uma barganha para reduzir o valor de 20% são altamente incertas.
Enquanto isso, outras tarifas, como a taxa de 25% sobre aço e alumínio e sobre automóveis, ambas para todos os parceiros comerciais, inclusive a Europa, permanecem em vigor.
Os custos das tarifas são pagos pelas empresas que importam produtos europeus, como carros e produtos farmacêuticos, que precisam decidir se querem engolir os custos ou repassá-los ao consumidor na forma de preços mais altos. Como resultado, os indicadores de otimismo dos negócios e dos consumidores na Europa caíram.
O indicador de sentimento econômico da Comissão Europeia caiu para 93,6 em março, seu nível mais baixo desde dezembro. Essa queda no sentimento é “mais uma ilustração de como as últimas quatro semanas de tensões e incertezas tarifárias anularam totalmente a tentativa de retorno do otimismo na zona do euro”, disse Carsten Brzeski, chefe global de macro do banco ING.
“A menos que haja grandes mudanças na política comercial dos EUA, o sentimento e a atividade econômica na zona do euro permanecerão moderados nos próximos meses”, disse Brzeski.
Antes do anúncio de Trump, os sinais de esperança incluíam um mercado de trabalho forte, com desemprego baixo, de 6,1%, e os consumidores começando a gastar mais depois de vários anos de contenção devido à inflação.
Com a inflação em 2,2%, o Banco Central Europeu vem reduzindo o custo do crédito para consumidores e empresas, cortando sua taxa de juros de referência sete vezes em seu atual ciclo de flexibilização, mais recentemente em um quarto de ponto percentual em 17 de abril.
Além disso, o parlamento alemão aprovou um fundo de investimento de 500 bilhões de euros (US$ 570 bilhões) que está isento dos limites constitucionais de endividamento do país.
Essa decisão da nova coalizão do bloco de centro-direita União e dos social-democratas aumentou as esperanças de gastos adicionais em infraestrutura pró-crescimento nos próximos anos. No entanto, as tarifas de Trump reduziram as expectativas para a Alemanha, a maior e mais problemática economia da zona do euro.
