Sexta-feira, 20 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 8 de agosto de 2021
A família do piloto Cristiano Nava da Encarnação, de 32 anos, registrou neste fim de semana que ele desapareceu quando fazia um voo para a comunidade Homoxi, região de garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. A Força Aérea Brasileira (FAB) faz buscas pela aeronave. O piloto estava em um avião de pequeno porte modelo Poty, prefixo PU-POT e decolou da pista do Timbó, região do Monte Cristo, zona rural de Boa Vista na última quarta-feira (4).
A esposa dele, Amanda Lira, de 23 anos, registrou um boletim de ocorrência no 5º Distrito Policial relatando o desaparecimento. Segundo ela, ele estava com outros dois homens, um de 46 e outro de 24 anos. Cristiano decolou de da capital Boa Vista por volta de 7h45 e deveria ter retornado até às 14h do mesmo dia, o que não ocorreu. Amanda conta que a última vez que o localizador indicou onde ele estava foi às 9h26. Depois, perderam contato.
“O equipamento chamado spot lançou a última localização às 9h26, numa região depois da Serra do Querosene”, disse a esposa, acrescentando que a “família está desesperada devido a falta de informações”. “A FAB está procurando, mas como ainda não teve resultado de nada, estamos buscando ajuda por todos os meios. Se alguém viu essa aeronave, se algum indígena viu, por favor, nos informe”, pediu.
Cristiano tinha como destino final a pista de Homoxi. Cercada pelo garimpo ilegal, a região é a mesma onde há uma semana um jovem yanomami, de 25 anos, morreu atropelado por um avião de garimpeiros. O avião usado pelo piloto tem como limite máximo de uma pessoa e peso máximo de decolagem 550 Kg, conforme registro do prefixo no sistema da Agência Nacional de Aviação Civil.
A FAB faz buscas pelo avião pilotado por Cristiano desde a sexta-feira (6). O trabalho é feito por aeronaves SC-105 Amazonas SAR e H-60 Black Hawk, que “têm seguido os padrões internacionais de busca”. Porém, até o momento, as equipes “não encontraram vestígios da aeronave desaparecida.”
Atropelamento
No fim de julho, um indígena morreu ao ser atropelado por um avião de garimpeiros em uma pista na mesma comunidade de Homoxi. A afirmação foi feita pelo presidente do Conselho de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuanna (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami.
A vítima tinha 25 anos e se chamava Edgar Yanomami. O atropelamento matou o jovem indígena na hora. Depois do acidente, pousou no local uma segunda aeronave que foi apreendida pelos indígenas. Segundo o presidente da Condisi-YY, Homoxi é uma comunidade que foi cercada pelo garimpo ilegal na região, de forma que indígenas vivem no meio dos invasores.
Segundo relatos feitos ao Condisi-YY, após o acidente, os próprios garimpeiros levaram o corpo de Edgar para a comunidade Yamasipiu, região de Haxiu, distante cerca de 15 Km de onde ocorreu o atropelamento.
A pista onde ocorreu o atropelamento foi aberta no meio da floresta por volta de 1980 por garimpeiros. Hoje em dia, ela também é usada pela Sesai para levar servidores que atuam no posto da comunidade.