Terça-feira, 06 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 7 de janeiro de 2024
Piloto sem habilitação para voo por instrumentos. Helicóptero não certificado para viagens desse tipo. Mau tempo, com chuva e nuvens em todo o trajeto. Ainda assim o piloto Cassiano Tete Teodoro, de 44 anos, resolveu embarcar três passageiros — Raphael Torres (de 41 anos); Luciana Rodzewics (45), e Letícia Ayumi (20) — do Campo de Marte, na zona norte da capital paulista, com destino a Ilhabela, no litoral norte do estado, no domingo, véspera de ano novo. Desde então estão desaparecidos.
Investigação do Metrópoles revela mais erros do voo, além da falta de habilitação do piloto para voos por instrumentos e da falta dos mesmos na aeronave: “O modelo Robinson 44 não tem os equipamentos adequados que poderiam ajudar o piloto a navegar sem visibilidade. Além disso, a demora no trabalho de buscas também pode ser explicada pela ausência de outro item essencial: o chamado ELT, localizador que emite sinais de emergência em caso de colisão ou impacto”.
O piloto Cassiano Teodoro e o helicóptero não tinham permissão para voos comerciais, o que estava sendo feito.
A essa série de erros soma-se outro: ao perceber a dificuldade de navegação, o piloto chegou a pousar o helicóptero; no entanto, em vez de pedir ajuda e aguardar por ela em terra decidiu alçar voo novamente de modo inexplicável.
Rodrigo Duarte, que já foi presidente da Associação Brasileira de Pilotos de Helicóptero (Abraphe), criticou a decisão do piloto: “Ele decolou por vontade própria, provavelmente tomou uma decisão totalmente errada, diante do cenário que ele tinha de condição ruim de meteorologia. Uma situação totalmente adversa, totalmente abaixo dos mínimos regulamentares determinados para o voo visual do ponto de vista meteorológico”.
As buscas por helicóptero, pilotos e passageiros prosseguem, até o momento sem sucesso.
Piloto e advogado
O piloto Sérgio Roberto Alonso, de 74 anos, morreu no sábado (7), após avião de pequeno porte que pilotava cair entre Lençóis Paulista e Areiópolis, no interior de São Paulo, pouco depois das 14h. Sérgio também era advogado, e chegou a atuar no caso Marília Mendonça, em 2021.
Na ocasião, Sérgio atuou como advogado da família de Geraldo Martins de Medeiros, piloto da aeronave que levava a cantora Marília Mendonça e caiu em novembro de 2021, perto de Piedade de Caratinga, em Minas Gerais. Os dois e todos os outros que também estavam a bordo morreram: o produtor Henrique Ribeiro, seu tio e assessor Abicieli Silveira Dias Filho e o copiloto do avião, Tarciso Pessoa Viana. Em outubro do último ano, ao concluir a investigação sobre o acidente aéreo, a Polícia Civil de Minas Gerais afirmou que os pilotos da aeronave agiram com “imprudência e negligência”.
Antes, em maio, foi divulgado o relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Força Aérea Brasileira (FAB), sobre o acidente aéreo, que confirmou que o avião caiu após colidir com um cabo de energia da Companhia de Energia de Minas Gerais (Cemig). Para Sérgio, à época, o documento atestava a responsabilidade da Cemig no acidente, apesar de também apontar “avaliação inadequada” por parte do comandante do bimotor.
Especialista em direito aeronáutico e em direito internacional, Sérgio também era membro da Sociedade Brasileira de Direito Aeronáutico e Espacial, com experiência nos ramos dos direitos do trabalho, aeronáutico e agência reguladoras, além de ser sócio do escritório Riedel de Figueiredo e Advogados Associados.
Fabricado em 1982, o planador que Sérgio pilotava é um modelo ASW20 da empresa Alexander Schleicher e tem capacidade para uma pessoa. Além disso, a aeronave só tem uso permitido para voos privados de instrução, segundo o registro da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A Polícia e Anac investigam os motivos do acidente.