Sábado, 01 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 31 de outubro de 2025
Operação nesta semana terminou com 121 mortos, incluindo quatro policiais
Foto: Eusébio Gomes/TV BrasilAs provas usadas pela Polícia Civil do Rio de Janeiro para embasar a operação deflagrada nesta semana nos complexos da Penha e do Alemão, na zona norte da capital fluminense, demonstram a violência e o poder draconiano usados pelas lideranças do Comando Vermelho (CV) para subjugar os cerca de 100 mil moradores que vivem na região.
Trocas de mensagens e imagens interceptadas pelos investigadores evidenciam uma rotina de abusos e desmandos, em um ambiente de acesso restrito do Estado. Lá, vigora uma justiça paralela, com execuções e tortura de desafetos, julgados e sentenciados pelos próprios criminosos, e até tortura de moradores.
“É uma cadeia de comando rigidamente estabelecida e cumprida, com emissão de ordens, além de punições severas aos descumpridores das diretrizes”, destaca o documento.
As conclusões e os materiais estão em uma das denúncias do Ministério Público do Rio que fazem parte do conjunto probatório usado pelos investigadores para, nos últimos meses, obter na Justiça mandados de prisão contra envolvidos em crimes como tráfico de drogas, homicídios, desaparecimento de dezenas de pessoas e roubos de toda ordem. Casos vindos de outros Estados, mirando bandidos refugiados nas áreas, também entraram na empreitada.
Na última terça-feira, as forças policiais fluminenses juntaram todas essas ordens judiciais e, após planejamento de 75 dias, invadiram as favelas para cumprir 180 mandados de prisão e busca e apreensão.
A operação terminou com 121 mortos, incluindo quatro policiais, o que pôs em xeque a estratégia adotada pela cúpula da Segurança. A ação policial motivou pânico entre moradores, bloqueio de avenidas e suspensão de serviços em vários pontos da cidade.
O governador Cláudio Castro (PL) disse que a operação foi um “sucesso”, mas a Defensoria Pública Estadual fala em indícios de ilegalidades.
O recorte da investigação obtido tem 74 páginas e teve início na Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) e apontou Edgard Alves de Andrade, o Doca ou Urso, assim como Pedro Paulo Guedes, o Pedro Bala, como integrantes do primeiro escalão do grupo na localidade e em outras favelas cariocas.
Abaixo deles, estão, segundo as autoridades, Washington Cesar Braga da Silva, o Grandão ou Síndico da Penha, e Carlos Costa Neves, o Gardenal, que seria também um dos comandantes da expansão da facção sobre áreas de milícia na zona oeste, em guerra que se arrasta há cerca de três anos e já deixou dezenas de mortos.
Nuvens de celulares com mais de 5 GB de dados e aparelhos aprendidos anteriormente tiveram o conteúdo extraído, com autorização judicial, e serviram como base para a apuração. (Com informações do jornal O Estado de S. Paulo)