Sexta-feira, 12 de dezembro de 2025
Por Redação O Sul | 12 de dezembro de 2025
A operação ocorreu em Porto Alegre e em municípios da Região Metropolitana e do litoral
Foto: Polícia Civil/DivulgaçãoA Polícia Civil deflagrou nesta sexta-feira (12) a Operação Regenerare para combater fraudes em licitações do governo do Rio Grande do Sul.
Foram cumpridos dez mandados de busca e apreensão, bloqueados R$ 60 milhões em ativos financeiros e indisponibilizados imóveis e veículos vinculados aos investigados e suas empresas.
A ação ocorreu em Porto Alegre e em municípios da Região Metropolitana e do litoral com a participação 60 policiais e 15 viaturas. Não houve prisões.
A Operação Regenerare apura a existência de um esquema estruturado de manipulação de certames licitatórios (pregões eletrônicos e cotações eletrônicas de preços) realizados pelo governo gaúcho para a contratação de serviços terceirizados, como limpeza, copa, merenda, cozinha, entre outros.
A investigação aponta que um conjunto de empresas teria atuado de forma coordenada, simulando competição em pregões e dispensas eletrônicas, frustrando o caráter competitivo e restringindo a concorrência real.
Os indícios iniciais da fraude foram descobertos a partir de análises técnicas da CRPJ (Comissão Permanente de Responsabilização da Pessoa Jurídica do Rio Grande do Sul), com o apoio de dados da Central de Licitações do Estado, que identificou padrões anômalos na disputa de certames, como participação simultânea de empresas supostamente concorrentes a partir de um mesmo endereço de IP; variações sincronizadas de sócios e administradores; revezamento na apresentação de propostas em dezenas de certames e vínculos pessoais e operacionais entre integrantes das empresas investigadas.
“Esses elementos indicam a atuação de um grupo empresarial/econômico único, simulando competitividade e manipulando resultados para garantir a manutenção de contratos relevantes junto à administração pública. A investigação identificou indícios robustos de que a concorrência pública, que deveria ser aberta e transparente, estaria sendo manipulada por arranjos empresariais destinados a eliminar competidores legítimos. Com o avanço das apurações conduzidas pelo Dercap [Departamento Estadual de Repressão aos Crimes Contra a Administração Pública], foi possível identificar conexões diretas entre as pessoas por trás das empresas, demonstrando que parte significativa dos quadros societários era composta por interpostas pessoas [laranjas], inseridas formalmente nas estruturas das empresas para mascarar a real participação dos beneficiários finais do esquema”, informou a Polícia Civil.