Domingo, 12 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 11 de outubro de 2025
A Polícia Federal (PF) solicitou ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cristiano Zanin autorização para aprofundar a investigação sobre vendas de decisões judiciais no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A PF quer apurar o envolvimento de novos personagens e também a atuação da filha de um ministro da Corte. Zanin é relator do caso no inquérito que trata do assunto e tramita no Supremo.
No relatório parcial, a PF afirmou que o núcleo central do esquema criminoso de compra de decisões judiciais é ocupado pela empresa Fource e seus sócios, Haroldo Augusto Filho e Valdoir Slapak. A PF apontou que Haroldo tinha “influência direta” em gabinetes do STJ e citou como exemplo o relacionamento pessoal do empresário com a advogada Catarina Buzzi, filha do ministro do STJ Marco Buzzi.
Em nota, a defesa de Catarina Buzzi classificou de “descabida e maliciosa” a vinculação do seu nome à investigação sobre venda de decisões.
“Catarina Buzzi nunca atuou em qualquer processo da Fource, dos proprietários da empresa ou de Andreson de Oliveira. A advogada apenas alugou três salas da Fource em um prédio na área central de Brasília. Alugar imóvel não constitui crime. A advogada não se responsabiliza por eventual citação do nome dela em conversas de terceiros, ainda mais em conversas sem qualquer relevância jurídica. É importante deixar claro também que Catarina Buzzi não é alvo de investigação oficiada pelo Supremo Tribunal Federal. A investigação, até onde se sabe, diz respeito a casos específicos, que não tiveram qualquer relação com a atuação da advogada”. diz a nota. O gabinete do ministro Buzzi já afirmou anteriormente que não tem conhecimento das relações de sua filha e que não proferiu decisões favoráveis aos interesses do empresário.
A Fource enviou nota contestando as conclusões do relatório da PF. “Trata-se de um relatório que ignora a ausência de irregularidades efetivas, apoiando-se em mensagens descontextualizadas e em opiniões isoladas de um delegado, sem fundamento técnico ou jurídico capaz de justificar as ilações apresentadas. Mais uma vez, assistimos a um preocupante cenário de denuncismo e de ilações infundadas, próprio de um ambiente de viés policialesco, em que o direito de defesa e o devido processo legal são amplamente atacados e colocados em segundo plano”, diz a empresa em nota.
A empresa reclama ainda que não tem tido acesso à integra dos documentos da investigação e que fica sabendo de conteúdos do caso pela imprensa.
“É inaceitável que, após mais de um ano de apurações, as conclusões apresentadas sejam tão levianas, frágeis e desprovidas de qualquer respaldo probatório”. diz a nota.
A Fource sustenta ainda que há um grupo interessado em atacar a empresa e que este grupo “descumpriu obrigações e deixou de pagar seus credores, motivo pelo qual não tem legitimidade alguma para questionar a atuação da Fource”.
“Reafirmamos nossa integridade, nosso profissionalismo e a credibilidade que marcam nossa trajetória no mercado. A Fource repudia esse tipo de prática e confia que o Ministério Público e o Poder Judiciário se atenham aos fatos e às provas, assegurando a verdade e a justiça”, diz a nota.
A defesa de Haroldo não se manifestou.
Segundo a PF, além de manter relação com esses gabinetes, Haroldo também contratava para os serviços ilícitos o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves e o advogado Roberto Zampieri, que foi assassinado em dezembro de 2023. (Com informações do portal Estadão)