Quinta-feira, 19 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 18 de junho de 2025
A suspeita da Polícia Federal (PF) é que a atual gestão da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), indicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), atuou para obstruir as investigações sobre a chamada “Abin paralela”. Na última terça-feira (17), a PF concluiu a investigação e indiciou mais de 30 pessoas, entre as quais o diretor-geral do órgão, Luiz Fernando Corrêa. Ele é delegado da PF aposentado e é considerado nome de confiança do presidente. Em abril, Corrêa prestou depoimento sobre o caso.
No início do ano passado, o então número dois da Abin, Alessandro Moretti, foi exonerado do cargo sob essa suspeita. Da atual gestão, também foram indiciados o chefe de gabinete de Corrêa, Luiz Carlos Nóbrega, e o corregedor-geral José Fernando Chuy.
Chuy também é delegado da PF e chegou à corregedoria da Abin em setembro do ano passado. A substituição do comando do órgão, responsável por conduzir os procedimentos internos que foram abertos diante das suspeitas da “Abin paralela”, gerou críticas, já que a então corregedora poderia ser reconduzida e estava colaborando com as investigações.
Espionagem
Segundo as investigações, durante o governo Jair Bolsonaro (PL), a estrutura da agência foi usada para espionar autoridades, jornalistas e advogados.
O esquema também teria como objetivo proteger os filhos do ex-presidente em casos judiciais, minar a confiança no sistema eleitoral, além de disseminar informações falsas.
O vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) e o ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem foram indiciados. O ex-presidente não está na lista da Polícia Federal. Além da investigação, Corrêa enfrenta pressão interna, já que servidores da Abin defendem que o órgão deve ser comandado por um nome da carreira.
Sigilo
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o levantamento do sigilo dos autos da Petição (Pet) 11108, que investiga o uso de um programa secreto de monitoramento pela Abin durante o governo Bolsonaro. A decisão foi tomada após a constatação de vazamentos seletivos de trechos do relatório policial, que resultaram em matérias contraditórias na imprensa.
“Em que pese o sigilo dos autos, lamentavelmente, vêm ocorrendo inúmeros vazamentos seletivos de trechos do relatório apresentado pela autoridade policial, com matérias confusas, contraditórias e errôneas na mídia”, afirmou o relator. Para o relator, a continuidade de vazamentos seletivos pode prejudicar a instrução processual. Foi mantido o sigilo apenas das petições relacionadas a dados bancários e fiscais dos investigados.
A investigação começou após reportagem publicada pelo jornal O Globo em 14 de março de 2023, em que a Abin confirmava o uso de um programa secreto para monitorar alvos específicos. Em 12 de junho de 2025, a PF encaminhou o relatório final da investigação ao STF.
O ministro determinou o envio dos autos à Procuradoria-Geral da República (PGR) para manifestação no prazo de 15 dias e a intimação dos advogados das partes envolvidas. (Com informações do Valor Econômico)