Quarta-feira, 03 de dezembro de 2025
Por Redação O Sul | 2 de dezembro de 2025
Senadores do PL ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) consideraram inapropriada a possibilidade de integrantes do partido se reunirem conjuntamente com o indicado de Lula (PT) para o STF (Supremo Tribunal Federal), Jorge Messias, e o compromisso foi cancelado. A análise é de que o encontro causaria desgaste junto à base política bolsonarista.
Ele aconteceria no almoço do bloco parlamentar Vanguarda, que reúne os 15 senadores do PL e o senador Eduardo Girão (Novo-CE). O encontro é realizado semanalmente, e a senadora Dra. Eudócia (PL-AL) havia convidado Messias para participar nessa terça-feira (2).
Messias foi indicado por Lula em 20 de novembro. Ele está em campanha para tentar reverter um quadro adverso no Senado. Só poderá assumir uma vaga no Supremo se tiver o apoio de ao menos 41 dos 81 senadores.
O presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), é contra a indicação —queria que o escolhido tivesse sido Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Ele tem dito nos bastidores haver cerca de 60 votos contra o indicado de Lula, o que inviabilizaria sua aprovação. Governistas reconhecem haver dificuldades para obter maioria, mas dizem que a situação não é tão desfavorável.
Apesar de estar no principal partido de oposição a Lula, Dra. Eudócia é mãe do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas. Conhecido como JHC, ele se aproximou do presidente da República depois de Lula indicar sua tia, Marluce Caldas, para uma vaga no STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Sem a possibilidade de encontrar os senadores do PL de uma só vez, Messias terá de procurá-los individualmente caso queira tentar virar votos nesse grupo político.
Alcolumbre havia marcado a deliberação que decidirá se Messias vai ou não para o STF para 10 de dezembro. Nesta terça, porém, o senador cancelou o cronograma devido à ausência de comunicação oficial da Presidência da República ao Senado confirmando a indicação.
Pelo cronograma inicial, a apresentação do relatório sobre a indicação, que estava a cargo do senador Weverton Rocha (PDT-MA), na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado, estava marcado para esta quarta-feira (3).
Weverton deveria recomendar voto a favor de Messias. O senador almoçou com Lula na segunda-feira (2) para tratar do tema.
Uma semana depois da leitura do relatório seria realizada a sabatina. Trata-se de reunião na qual o indicado deve responder a perguntas de integrantes da CCJ e, em seguida, ter o nome votado no colegiado.
A ideia de Alcolumbre era que a votação decisiva no plenário fosse realizada no mesmo dia 10, logo depois do trâmite na CCJ.
Como mostrou a Folha, apoiadores evangélicos de Messias planejavam levar uma comitiva de pastores ao Senado no dia da votação decisiva para pressionar em favor do indicado de Lula.
O último Censo apontou que 26,9% da população é evangélica, parcela que políticos que disputam eleições majoritárias, como senadores, não podem desprezar. Esses grupos não são politicamente homogêneos, mas costumam desaprovar a gestão Lula mais do que a média da população.
A indicação de Messias em vez de Pacheco estremeceu a relação entre Lula e o Senado. Até aqui, no atual mandato, o petista teve na Casa sua principal fonte de governabilidade. Aliados do chefe do governo tentam reconstruir uma ponte entre ele e o presidente do Senado. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.