Sábado, 27 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 30 de outubro de 2019
Na sexta-feira passada, Jane Fonda receberia o Troféu Stanley Kubrick por excelência no cinema, na celebração anual do BAFTA LA, no Beverly Hilton.
Mais cedo, no entanto, ela havia sido presa pela terceira vez, em Washington D.C., em meio a protestos por políticas públicas mais duras contra as mudanças climáticas.
Estava claro, portanto, que ela não estaria presente no evento. Mas o público não poderia esperar que haveria sim um discurso de agradecimento.
“Estou muito honrada. Eu nem acredito. Estou muito grata. É emocionante e lamento não estar aí, mas como vocês já devem ter ouvido falar, eu fui presa”, disse a atriz, numa mensagem em vídeo exibida num telão. “Decidi que precisava agir mais em relação às mudanças climáticas. Então, me mudei para Washington por quatro meses, para aumentar o senso de urgência em torno do que está acontecendo.”
Mas que protestos são esses? Tudo começou no dia 11 de outubro. Naquela sexta-feira, uma multidão se reuniu em frente ao Congresso americano para exigir medidas do governo em defesa do meio ambiente e contra as mudanças climáticas. Após dez minutos de protestos, 16 manifestantes foram presos pela polícia do Capitólio, entre eles ninguém menos que Jane Fonda. E quem deu a notícia foi a própria atriz de 81 anos, em sua página no Facebook.
O casaco vermelho intenso deixava claro que Fonda não estava ali para protestar com discrição. Saudada pelos manifestantes, ela foi levada pela polícia, com algemas (de plástico) que mostrava orgulhosa. Abaixo, explicamos o que está por trás de toda essa história.
Qual o motivo da prisão?
Segundo a polícia, os 16 manifestantes foram acusados de “manifestação ilegal”, uma contravenção no estado de Washington, onde é proibido obstruir a entrada de prédios públicos.
Pouco antes de ser detida, Fonda discursava contra a “crise provocada pelo homem” e dizia que voltaria ao Capitólio “toda sexta-feira às 11h, chova ou faça sol, ou neve, ou caia uma tempestade, ou o que for”. E voltou nos 18 e 25 e foi presa novamente pelo mesmo motivo.
Qual a motivação de Fonda?
Dias antes ela já havia declarado ao “Los Angeles Times” que se mudaria para Washington por quatro meses para apoiar os protestos contra o aquecimento global. Na entrevista, ela citava como inspiração a adolescente sueca e ativista Greta Thunberg.
Na manifestação, ela também disse ter se inspirado com a leitura do livro “On Fire: The (Burning) case for a Green New Deal”, de Naomi Klein, um dos mais vendidos do ano nos EUA.
As mudanças no clima viraram um tema de destaque na política americana, especialmente por parte do Partido Democrata, com o qual a atriz tem uma antiga ligação. Vários candidatos democratas à corrida presidencial em 2020 lançaram ambiciosas plataformas de ação climática.
“Temos que garantir que a crise climática permaneça no centro das discussões”, disse Fonda. “Senti que não estava fazendo o bastante.”
Que protestos são esses?
Conforme Fonda, o grupo de manifestantes pretendem persuadir os congressistas a apoiar o Green New Deal, conjunto de iniciativas propostas pela deputada Alexandria Ocasio-Cortez (Democrata de Nova York) pra que os EUA tenham uma economia de carbono-zero até 2050.
Os manifestantes também pretendem pressionar o Congresso para pôr um fim à exploração de combustíveis fósseis e “eliminar gradualmente” toda a infraestrutura por trás dessa forma de geração de energia, disse a atriz. Ela argumenta ainda que os trabalhadores da indústria de combustíveis fósseis podem encontrar empregos comparáveis no setor de energia renovável.
“A mesma ideologia tóxica que tomou esta terra de pessoas que já moravam aqui, sequestrou pessoas da África, transformando-as em escravos para trabalhar nessa terra roubada, também derrubou as florestas e exauriu o mundo natural, como fez com as pessoas. Essa ideologia é a mesma que gerou essas mudanças climáticas feitas pelo humana que estamos enfrentando hoje”, discursou.