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Comportamento Por que no Brasil se fala tão pouco inglês? País está atrás de Etiópia e Síria em ranking de países com domínio no idioma

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O inglês tornou-se aquilo que o esperanto tentou ser, mas nunca conseguiu: a língua franca da humanidade. (Foto: Reprodução)

Praticamente não há opção, no mundo de hoje, ao aprendizado do inglês como segunda língua para aqueles que não o têm como idioma nativo. O inglês tornou-se aquilo que o esperanto tentou ser, mas nunca conseguiu: a língua franca da humanidade. Para quem não nasce em um país cujo idioma corrente é o inglês, será preciso aprendê-lo para ter sucesso em vários aspectos da vida – especialmente o profissional.

Isso põe um país essencialmente monoglota como o Brasil em desvantagem. Em abril de 2000, o linguista americano Steven Roger Fischer já alertava os brasileiros: “Nunca na história da humanidade um idioma teve tamanha importância. As pessoas que ocupam os cargos mais bem remunerados falam fluentemente ou ao menos têm um conhecimento básico do (inglês). Se você contar os bilíngues, há mais gente falando inglês do que mandarim. Com a globalização e a internet, esse fenômeno irá aumentar. Aprenda inglês e prospere, ou ignore e padeça”.

Vinte e cinco anos depois, a situação no Brasil não mudou muito. “A percepção de que a maioria esmagadora dos brasileiros tem domínio muito fraco da língua inglesa, ou mesmo nenhum domínio, é amplamente confirmada por dados, embora o cenário seja complexo”, afirma Alessandra Moura, gerente sênior de língua inglesa e educação básica do British Council Brasil, organização internacional do Reino Unido para a difusão da língua inglesa. “Nem mesmo após 2017, quando o ensino de inglês se tornou obrigatório no Brasil a partir do 6º ano fundamental, houve mudanças significativas no domínio da língua pelos brasileiros”, lamenta.

Uma pesquisa ainda inédita do grupo britânico de educação Pearson, que no Brasil possui as redes de escolas de idiomas Wizard by Pearson, Yázigi e Skill, mostra que 55% dos brasileiros dizem ter algum conhecimento do inglês (37% dizem ter de espanhol). A pesquisa, feita em parceria com a Opinion Box, ouviu 7.088 pessoas entre 24 de fevereiro e 8 de abril. Como seria de esperar, a parcela é maior nas classes A e B (75%, contra 46% nas D e E). É também maior entre os jovens adultos, de 18 a 29 anos (61%). A questão, porém, é que conhecimento não significa domínio.

Basta ver o que mostra o EF English Proficiency Index (EF EPI), um ranking anual que classifica países segundo suas habilidades em inglês e é elaborado pela EF Education First, sediada em Lucerna, na Suíça. No mais recente desses levantamentos – feito com dados de 2024 -, o Brasil ficou na 81ª posição em um universo de 116 países e regiões.

Isso significa que estamos atrás de países como Síria (77ª posição), Etiópia (63 e Guatemala (58ª). Nos primeiros lugares encontram-se, respectivamente, Holanda, Noruega e Cingapura. Nos três últimos estão Costa do Marfim, Somália e Iêmen. O Brasil caiu 21 posições nesse levantamento em relação à edição anterior do EF EPI.

Por qual razão fala-se tão pouco, e tão mal, a língua inglesa no Brasil? Ou será que, dadas as condições educacionais brasileiras, e também as econômicas e culturais, não poderíamos esperar mesmo algo diferente?

O professor universitário, tradutor, romancista e ensaísta Caetano W. Galindo, autor entre outros de “Latim em pó – Um passeio pela formação do nosso português”, argumenta: “A população de um país que não fala inglês como língua nativa tende a só aprender o idioma se: houver proximidade geográfica com nações que falam inglês e um trânsito grande de pessoas entre eles; houver um sistema educacional de qualidade e determinado a ensinar inglês para a população; existirem turistas de fala inglesa, em grande quantidade, visitando constantemente o país em questão ou, por fim, houver ali um desenvolvimento econômico robusto, que leve seus habitantes a integrarem-se ao resto do mundo em termos de economia e cultura”.

Ele complementa: “Pois bem: no Brasil não há nenhum desses fatores. Nenhum. Sendo assim, por obra de qual magia deveríamos esperar entre nós algo que não isso que temos – um quase completo desconhecimento da língua inglesa?”.

A dimensão do Brasil e sua posição central no continente sul-americano contribuem para esse quadro, como notou a atriz e escritora Fernanda Torres ao dizer: “O Brasil é uma ilha continental, isolada pela própria língua”.

“O país é de tamanho gigantesco, o que nos traz uma sensação de autossuficiência como mercado e como cultura – mas também, no outro lado da moeda, um sentido de isolamento, de solidão”, diz o escritor Sergio Rodrigues. “É provável que, para o dia a dia de uma imensa maioria dos brasileiros, o domínio de uma língua estrangeira pareça supérfluo, um luxo para o qual ninguém tem tempo, por mais que a revolução digital tenha tornado os fluxos de informação cada vez mais acelerados e o inglês seja sua língua franca.” As informações são do jornal Valor Econômico.

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