Sábado, 10 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 2 de julho de 2021
Ao menos 48 baleias jubartes encalharam no litoral brasileiro e marcaram o primeiro semestre de 2021, aponta balanço do Projeto Baleia Jubarte. Os registros começaram em abril, dobraram em maio e em junho os números dispararam com 32 mortes, sendo considerado o terceiro pior mês dos últimos tempos, no Brasil. O total de mortes é um número inédito para esta época do ano.
Para o veterinário Milton Marcondes, especialista em baleias, a situação é atípica e esses dados podem subir ainda mais até o fim do ano porque o pico de encalhes ocorre entre agosto e setembro.
“Normalmente as primeiras jubartes começam aparecer em maio, em junho aumenta um pouquinho e julho já começa a ter bastante baleia. É a época que elas estão passando pelo Rio de Janeiro, indo para o banco dos Abrolhos, ao sul da Bahia e norte do Espírito Santo. O pico em que elas encalham é em agosto, que coincide com o nascimento dos filhotes, e depois esses registros começam a diminuir. Quando chega em novembro elas estão indo embora”, explica Marcondes, coordenador de pesquisa do Projeto Baleia Jubarte, que compara os números aos meses de agosto de 2017 com 46 mortes e agosto de 2018 com 45. Nesses dois anos, os encalhes ultrapassaram a barreira dos 100 registros.
De acordo com Marcondes, a temporada começou mais cedo este ano. No entanto, não é possível afirmar se a mortalidade também vai diminuir, se seguirá subindo ou se será um ano com menor ocorrência de nascimentos.
“Pode ser que esse ano estejamos passando pelo mesmo pico de 2017, mas ainda está muito cedo para afirmar”, disse o médico veterinário.
Encalhes variados
A maior parte desses animais morre no mar e acabam sendo levados pela correnteza até o banco de areia. As circunstâncias são diversas: causas naturais, doenças, filhotes que se separam da mãe, velhice, ataques de predador, além de baleias que morrem em função de atividades humanas – presa numa rede de pesca, atropelada por uma embarcação ou poluição.
Ainda segundo Marcondes, esses números tendem a subir anualmente por conta do aumento da população de baleias. Em 2002 eram cerca de 3.500 baleias jubartes e hoje há mais de 20 mil.
Embora a maioria dos encalhes seja de baleias mortas, cerca de 10% a 15%, chegam nas praias com vida e, em alguns casos, é possível salvá-las.
“Tem o caso de uma baleia que foi devolvida para o mar e a gente reencontrou oito anos depois em Abrolhos. Ela tinha encalhado em Ubatuba no ano de 2000 e foi vista na Bahia, nadando bem”, relembra.
São Paulo lidera lista
No início de junho, Santa Catarina dominava as ocorrências de encalhes com 12 registros, mas com o avanço da temporada São Paulo passou a liderar a lista com 14 baleias mortas. Os números ainda seguem baixos no Espírito Santo (2) e Bahia (3), onde está localizado o Banco dos Abrolhos. Para o veterinário, parte da população talvez não suba até Abrolhos este ano e passem a temporada nas águas do Rio de Janeiro para baixo.