Sexta-feira, 24 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 23 de setembro de 2017
A ex-prefeita de Bom Jardim (MA) Lidiane Leite da Silva, de 27 anos, conhecida como “prefeita ostentação”, foi condenada pela Justiça do Maranhão a devolver R$ 998 mil em verbas públicas.
Lidiane ganhou notoriedade quando fugiu da cidade para não ser presa pela PF (Polícia Federal), sob suspeita de desvio de recursos de escolas municipais, em 2015. Ela ficou 39 dias foragida antes de se apresentar à polícia. Após 11 dias, foi solta com tornozeleira eletrônica. Entre os diversos processos pelos quais responde na Justiça, ela é acusada de desvios em obras em escolas, fornecimento de merenda escolar, pavimentação das ruas e até mesmo na compra de caixões para o serviço funerário da cidade.
Na época, ela costumava publicar fotos em redes sociais esbanjando luxo, em festas com taças de champanhe, com amigos em um jet-ski e dirigindo carros de luxo.
Em uma postagem, disse a uma seguidora: “Antes de ser prefeita eu era pobre, tinha uma Land Rover. Agora estou numa SW4 [automóvel cujo modelo mais simples tem preço de tabela a partir de R$ 130 mil]. Devia era comprar um carro mais luxuoso porque graças a Deus o dinheiro está sobrando”.
Na decisão da Justiça, publicada durante a semana, o juiz Raphael Leite Guedes entendeu que a prefeitura deixou de executar um convênio para pavimentação de ruas na cidade, desviando todos os recursos “para uso pessoal”. O magistrado fundamentou sua decisão em fotos que demonstram “de forma cristalina” que as obras não foram executadas.
Além de devolver os valores, Lidiane ainda pode ter os direitos políticos suspensos por cinco anos, caso a sentença seja confirmada e transite em julgado. O juiz também determinou o pagamento de multa pela ex-prefeita e a proibição de contratar com o poder público, pelo período de três anos.
Ainda cabe recurso da decisão.
A ex-prefeita foi afastada do cargo por decisão da Justiça, em agosto do ano passado, bem como expulsa do seu partido, o PRB, ainda em 2015.
Lidiane também é alvo de outras ações penais e por improbidade, tanto na Justiça Estadual como na Federal, e já foi condenada pelo menos mais uma vez, também por improbidade administrativa.
Outro lado
Em petição à Justiça, a defesa da ex-prefeita afirmou que os fatos narrados pelo Ministério Público são “meras conjecturas”, e que “todos os processos licitatórios foram conduzidos de forma correta durante sua gestão”. Na época de sua fuga, os advogados da ex-prefeita argumentaram que ela assumiu o cargo “em tenra idade” e delegou funções ao namorado “por inexperiência e confiança”, e que havia fugido em uma “decisão impulsiva”.
Ela assumiu a candidatura à prefeitura, em 2012, no lugar do então namorado, Beto Rocha, que foi barrado pela Lei da Ficha Limpa.