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Por Redação O Sul | 17 de maio de 2015
Alvo da Operação Lava-Jato, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), revelou a aliados ter enviado um recado duro à presidenta Dilma Rousseff. Em mais um capítulo das rusgas entre o Congresso e Palácio do Planalto, ele teria pedido que o ministro da Casa Civil Aloizio Mercadante avisasse à chefe do Executivo que o governo “conhecerá o inferno”, caso conceda novo mandato a Rodrigo Janot na PGR (Procuradoria-Geral da República). A retaliação passaria por questões como a votação de pautas do interesse de Dilma.
Essa rejeição, também confidenciada a pessoas próximas de Cunha, é motivada pelo fato de Janot ter pedido a inclusão, em inquérito, do nome do deputado entre os suspeitos de envolvimento no escândalo de corrupção da Petrobras. Após tentar, sem êxito, apoio na Câmara para aprovar uma PEC (Proposta de Emenda à Constitução) para impedir a recondução de procuradores, o presidente da Casa articulou com seus aliados para convocar Janot à CPI da Petrobras. Um requerimento com esse objetivo chegou a ser encaminhado à Comissão pelo deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), mas sequer entrou na pauta.
Janot chegou à PGR, em 2013, como o mais votado dentre os candidatos. O seu mandato no cargo termina em setembro e a eleição interna para o período 2015–2017 deve ser realizada no mês anterior. Todos os procuradores da República têm direito a voto. Dilma terá até outubro para definir um nome dentre os três primeiros colocados. O procedimento se repete a cada dois anos. Fontes do Planalto acreditam que Dilma optará, como de costume, pelo mais votado.
Apesar da postura agressiva contra o governo, a situação de Cunha não é simples. Em delação premiada, o doleiro Alberto Youssef afirmou que o parlamentar teria usado requerimentos da Câmara para pressionar o executivo Júlio Camargo a pagar propina a um lobista e suposto operador do PMDB e do próprio Cunha na Petrobras. A suspeita foi reforçada por recente reportagem do jornal O Globo, revelando a existência de documentos parlamentares capazes de confirmar os relatos de Youssef. (AG)