Por Redação O Sul | 27 de julho de 2015
Em meio a uma guerra declarada com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, desde que foi incluído nas investigações da Operação Lava-Jato, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), tenta estender sua influência junto ao MP (Ministério Público).
No primeiro semestre, o parlamentar trabalhou a favor da indicação e emplacou o ex-advogado do PMDB Gustavo do Vale Rocha, que também já o defendeu, no CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público). O órgão, presidido por Janot, é responsável pela fiscalização administrativa, financeira e disciplinar do MP e de seus integrantes.
À época da indicação de Rocha pela Casa e posterior aprovação pelo Senado, Cunha já havia se tornado alvo oficial de investigação perante o STF (Supremo Tribunal Federal) por suposta participação no esquema de corrupção na Petrobras.
Rocha foi nomeado conselheiro do órgão em junho, cerca de três meses após a abertura do inquérito contra o presidente da Câmara. Na ocasião, questionado sobre a chegada de um ex-advogado do peemedebista ao CNMP, Janot se limitou a comentar que o novo colega seria “bem-vindo”.
Além da indicação ao conselho, procuradores ligados à atual gestão da Procuradoria-Geral apontam que Cunha tem acompanhado atentamente o processo de escolha do novo chefe do órgão. Com mandato até 18 de setembro, o procurador-geral disputa a permanência na vaga com três candidatos.
No MPF (Ministério Público Federal), o principal opositor de Janot na disputa pela chefia, Carlos Frederico Santos, é apontado como um nome ligado ao peemedebista. A relação é fundamentada por procuradores com base no fato de que Santos exerceu o cargo de secretário-geral da Procuradoria-Geral na época em que a instituição foi comandada por Antonio Fernando de Souza.
Atualmente, o ex-procurador-geral da República defende Cunha no inquérito que apura a participação do parlamentar na Lava-Jato. Santos, da mesma forma, é apontado como o principal candidato de oposição a Janot. (AE)
