Terça-feira, 25 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 28 de março de 2019
O presidente demitido do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), Marcus Vinicius Rodrigues, acusa o ministro da Educação, Ricardo Vélez, de ter proibido que ele voltasse ao órgão para se despedir de funcionários, de acordo com informações da revista Época.
Segundo o demissionário, a recusa foi comunicada pelo general Francisco Mamede de Brito Filho, que era seu chefe de gabinete no Inep e agora tornou-se um forte cotado para assumir a presidência da autarquia. Rodrigues foi avisado de que só poderia voltar ao Inep como um “cidadão comum”, sem acesso à parte administrativa, e não poderia se despedir de funcionários. O pedido e a negativa foram feitos nesta quinta-feira (28) de manhã, por telefone.
“Nós não estamos em uma ditadura. A ditadura acabou”, afirmou Rodrigues à coluna de Guilherme Amado, da revista Época. Ele diz que a medida é “autoritária” e que é um “desrespeito ao presidente de uma instituição sair sem ter acesso a falar com seus funcionários”.
“Lamento a posição do ministro, mas eu já esperava. O ministro é uma boa pessoa, mas a limitação dele faz com que ele não raciocine de forma adequada”, emendou. Brito, nome forte para ser o novo presidente do Inep, também foi atacado: “A negativa me surpreendeu, porque eu presidi o órgão, e o Brito foi indicado por mim, era uma pessoa de confiança”.
Rodrigues ressalta que as críticas que tem feito a Vélez não são direcionadas a Jair Bolsonaro. “Tenho certeza de que essa não é a posição do governo Bolsonaro. É um governo que veio para melhorar as relações.”
Diálogo
Rodrigues foi exonerado do cargo na última terça-feira (26). Ele afirmou que não há comunicação dentro do MEC (Ministério da Educação).
Na segunda-feira (25), Rodrigues assinou uma portaria sobre as novas regras do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica). Segundo o documento, a avaliação da alfabetização de crianças não seria feita na edição de 2019. Horas depois da publicação no Diário Oficial da União, o Inep afirmou que esse teste só seria aplicado em 2021.
Depois de gerar polêmica, a portaria foi anulada no dia seguinte, pelo ministro da Educação, Ricardo Veléz Rodríguez. Ainda não foi divulgado o novo documento com as regras do Saeb.
O ex-presidente do Inep diz que assinou a portaria com respaldo do secretário de Alfabetização do MEC, Carlos Nadalim. Um documento mostra que, de fato, Nadalim havia feito a recomendação para que a alfabetização não fosse avaliada em 2019.
Marcus Vinicius Rodrigues aponta que não há diálogo entre os membros da pasta. “Foi um processo muito ruim, que mostrou a incompetência gerencial muito grande”, disse. Ele também declarou que, em três meses de governo, não houve nenhuma reunião de trabalho com o ministro da Educação.